Em grego, “koma” significa sono profundo. As primeiras referências a este estado de inconsciência datam precisamente dos primórdios da medicina na Grécia Antiga, em textos ligados a Hipócrates (n. 460 a.C.), que deixou para a contemporaneidade o juramento que todos os anos é feito pelos jovens médicos.
Um artigo publicado em 2008 na revista científica “Brain” recuperou a história do conhecimento sobre este estado neurológico.
No século xvii começa a ser feita uma distinção entre diferentes níveis de inconsciência: a letargia (o sono patológico), o coma (sono profundo), o carus (ausência de sentidos) e, por fim, a apoplexia, falência cerebral a que hoje é mais comum chamar acidente vascular cerebral.
Ao longo dos últimos quatro séculos, vários autores debruçaram-se sobre o tema, elencando as causas e as observações mais comuns.
Traumas, intoxicações, hemorragias cerebrais, infeções como meningite ou descompensação da diabetes, doenças da tiroide ou insuficiência renal grave são alguns dos quadros que se sabe poderem causar uma situação de coma – estado que pode também ser induzido como uma espécie de sedação em casos de dor física e desconforto extremo ou para manter a segurança do doente.
Apesar do estudo secular, um dos primeiros livros com um capítulo destinado a ensinar os médicos a diagnosticar diferentes formas de coma terá sido “Brain Diseases”, de Arie Biemond, publicado em 1946.
Na segunda metade do século xx, a descoberta de que o nível de consciência é determinado numa região no tronco encefálico chamada sistema ativador reticular ascendente (SARA) e que o coma resulta de uma perturbação nesse sistema aumentou a procura por soluções técnicas. Uma das apostas tem sido o uso de medicação utilizada para o controlo dos tremores na doença de Parkinson. Outra vertente ainda em fase experimental são terapias de neuroestimulação.