Juros acima de 4%: até a barraca Galamba!

Afinal, o cenário de um país cor de rosa (cromática e politicamente) – embora com tons avermelhados e pretos, para não ofender as susceptibilidades de poder do PCP e do Bloco de Esquerda – foi mero fogo fátuo

1.Afinal, o cenário de um país cor de rosa (cromática e politicamente) – embora com tons avermelhados e pretos, para não ofender as susceptibilidades de poder do PCP e do Bloco de Esquerda – foi mero fogo fátuo. O fogo real está para vir – e já foi anunciado hoje. Os juros da dívida pública nacional a dez anos já ultrapassou os 4%, o que poderá ter implicações no rating da dívida, gerando, por sua vez, um efeito de bola de neve com consequências catastróficas para todos os portugueses. Oxalá que nada aconteça. Oxalá a geringonça ganhe juízo.

2.Não ganha. A última frase do parágrafo anterior foi uma mera proclamação retórica: a geringonça ganhar juízo é o mesmo que pedir a Marcelo Rebelo de Sousa que deixe de tirar selfies 24 horas por dia (mantemos esta fórmula redundante, pois só ela exprime, na totalidade, quão excessiva tem sido o deslumbre mediático de Marcelo): é uma impossibilidade lógica, mesmo ontológica (está fora das possibilidades do “ser”, do que é possível no mundo real). Diz-se que o diabo revela-se nos detalhes: afinal, o Diabo veio mesmo e está escondido, embora sempre pronto a aparecer.

Os juros acima dos 4% é o primeiro sinal do Diabo que é a política económica e financeira do PCP e do BE, disfarçada com o que resta de moderação do PS de António Costa. Nos tempos da governação de José Sócrates (sobretudo no final do primeiro mandato e, depois, ao longo de todo o segundo mandato) também as brigadas do politicamente correcto gozavam com Manuela Ferreira Leite quando antecipava a nossa “descida ao inferno”. O que nos diz a História? Que descemos mesmo ao Inferno, com o Ministro Teixeira dos Santos a ter de meter juízo (pelo menos uma dose mínima) na cabeça de José Sócrates. Depois veio o FMI – e aquilo que todos nós sabemos (e sofremos!).

3.Um rosto sintomático do estado de negação, de fuga para a frente, de ganhar eleições a todo o custo, mesmo que tal signifique colocar Portugal em risco e os portugueses à beira de novo sofrimento é o de João Galamba. Este, como é sabido, caiu nas boas graças de José Sócrates, o qual via em Galamba um seu discípulo natural: tem a mesma tendência para a “modernidade chique”, pertencem à esquerda caviar, Galamba até na entoação e nos tiques de retórica imita Sócrates; enfim, ambos são dois guerrilheiros políticos natos.

Com uma tendência incontrolável para bravatas, para ataques de carácter, para frases assassinas, para “blagues” – as quais espremidas não dizem nada. No fundo, ambos são duas significâncias políticas insignificantes.

Significâncias políticas porque ganharam um poder inusitado dentro do PS. E são insignificantes porque não há um português, mesmo socialista inteligente (e são muitos e muitos os socialistas inteligentes que ainda existem, felizmente), que lhes preste a mínima atenção.

4.Pois bem, a reacção de João Galamba à notícia da subida dos juros da dívida nacional é risível: “ culpar o Governo pela subida dos juros é o mesmo que culpar os homossexuais ou a droga pelas tempestades”. Como? Desculpe: João Galamba, está a falar a sério ou a brincar connosco? Só pode estar a brincar: e o Sr. Deputado acha bem brincar com coisas tão sérias para Portugal e para os portugueses? Como quer depois ser levado a sério pelos portugueses?”.

E até é uma ofensa para os homossexuais: é que no passado, João Galamba culpou o Governo de Passos Coelho pela instabilidade dos juros da dívida pública! O que significa, aplicando as regras da lógica, que, no caso de o Governo ser do PSD e do CDS, João Galamba pode culpar os homossexuais pela ocorrência de tempestades! Ou então a droga! Enfim, tudo ridículo. Como é que o PS quer ser levado a sério, quando o seu porta-voz oficioso é João Galamba? Galamba esse que, às tantas, é mais radical do que Mariana Mortágua?

5.Por outro lado, João Galamba, há poucos dias, rejubilava-se pelos grandes sucessos económicos e financeiros do Governo. Então, quer dizer: tudo o que acontece de bom é responsabilidade exclusiva do Governo geringonçado; tudo o que acontece de mau é culpa do Pedro Passos, do PSD, da Assunção Cristas, do Paulo Portas, dos mercados, do Trump, da Merkel, do Schauble…enfim, só não é culpa do Governo geringonçado! Isso nunca!

6.João Galamba, é preciso ter muito topete! Mas, no fundo, a geringonça é o terreno mais fértil para a galambização da política portuguesa! Até que um dia, a geringonça vai implodir, António Costa vai sair do Governo e vai arranjar maneira de ser eleito, de qualquer forma possível ou impossível, Presidente da República – e os portugueses (nós todos!) pagaremos a factura da galambização da política nacional. É o que se tem quando o guru da economia é João Galamba e as manas Mortágua (com mutos méritos que possam ter, vivem num país e num mundo da fantasia!).

7.O que é certo é que, para já, os juros da dívida a dez anos já ultrapassaram os 4% – António Costa está preocupado, Mário Centeno está preocupado, o país deve estar preocupado. Hoje, em Portugal, até a barraca Galamba!

joaolemosesteves@gmail.com