Foi hoje conhecida (primeira sexta-feira do mês), às 13.30, hora de Lisboa, a taxa de desemprego dos EUA, que se fixou em 4,7%, subindo desde os 4,6% no mês passado, à medida que mais pessoas ganharam coragem e voltaram a entrar no mercado de trabalho (para se ser considerado desempregado é preciso procurar emprego).
Mesmo assim, a criação de empregos em dezembro foi de 156.000 novos postos de trabalho. Pelo sexto ano consecutivo, a economia dos EUA criou mais de dois milhões empregos por ano. Em 2016 foram 2,16 milhões de postos de trabalho criados.
Uma consequência de existirem menos desempregados é que se tornou mais difícil contratar e manter pessoal, pelo que os ganhos salariais em dezembro foram de 2,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, o maior ganho desde junho de 2009.
À medida que a mão de obra disponível para trabalhar for escasseando, o Banco Central Americano (a Fed) pode ir preocupando-se mais com a inflação e subir progressivamente as taxas de juro, fazendo o dólar americano valorizar-se.
A situação americana contrasta fortemente com a da zona-euro onde, segundo o Eurostat, a taxa de desemprego era de 9,8% em outubro (10,8% em Portugal, no mesmo mês e segundo a mesma fonte; caiu em Portugal de 10,6% em outubro para 10,5% em novembro, divulgou hoje o INE).
Mas, na zona-euro, o mandato do Banco Central Europeu resume-se a combater a inflação, não se preocupando com o desemprego, enquanto nos EUA a Fed tem de se preocupar com esses dois indicadores económicos.
Segundo o que um dos “falcões” do BCE, o luxemburguês Yves Mersch, afirmou hoje em Paris, a situação económica na zona-euro continua muito débil, pelo que nem pensar em parar o programa de compra de dívida, quanto mais em subir as taxas de juro. Perguntaram-lhe também se estavam preocupados com a subida da inflação em dezembro na zona euro, ao que Mersch respondeu que o BCE não vai mudar de estratégia só por causa dos dados de um único mês.
Não será já tempo de nos adaptarmos, e de colocar o BCE a preocupar-se também com o desemprego, como nos EUA? Os alemães não vão estar de acordo, mas a taxa de desemprego deles era de 4,1%, em outubro, segundo o Eurostat (na prática, é pleno emprego) pelo que eles não têm as dores que muitos outros países da zona-euro têm, Portugal incluído. A Alemanha é a maior economia da zona-euro, mas não é a única. E a média de 9,8% de desempregados joga contra ela. Bem sei, não se pode fazer nada antes das eleições legislativas germânicas de setembro ou outubro.