Os chineses da Minsheng foram por sua vez afastados por não apresentaram as garantias bancárias necessárias, não conseguido provar que tinham o dinheiro necessário para a transação. Ficaram os americanos da Lone Star, dados como os favoritos, e um concorrente de última hora, os também americanos da Apollo/Centerbridge.
A proposta da Lone Star, dada como a mais interessante, era: 750 milhões para o Fundo de Resolução, 750 milhões a injetar no NB, tendo como contrapartidas garantias estatais para cobrir créditos incobráveis de 8.000 milhões de euros. Mas, na quarta-feira, o Ministro das Finanças, Mário Centeno, anunciou que não haveria garantias estatais para negócios privados.
O Diário de Notícias de hoje trás três novidades: que o processo está de novo aberto aos cinco concorrentes iniciais, mas que os concorrentes mais fortes são a Apollo/Centerbridge e a Lone Star, e que esta última abdicou de exigir a garantia estatal para os créditos malparados.
Existe também a proposta do PCP: de nacionalizar o banco, como se estivéssemos em 1975. Não é uma questão prática, é uma questão ideológica do PCP. A nacionalização, que por razões práticas é uma solução que não pode ser totalmente descartada, levantaria seguramente problemas em Bruxelas, por o Estado fazer o aumento de capital de 750 milhões de euros, necessário para garantir a estabilidade financeira do NB. Provavelmente, a Comissão Europeia só aceitaria essa ajuda com mais encerramento de agências e mais despedimentos.
Portanto, o principal do que Centeno conseguiu fazer foi que a Lone Star retirasse a sua exigência de garantia estatal de 8.000 milhões de euros. A meu ver, se o NB for vendido por 1 euro, com a injeção de capital de 750 milhões de euros ou superior, e sem garantias de Estado, é um bom negócio para os contribuintes.
Não basta gritar palavras de ordem e depois ser inconsequente na negociação com o “grande capital”. Neste tipo de negociações, é preciso deixar bem claro quem manda, e ser firme. Centeno, doutorado por Harvard, um dos pontos fulcrais do capitalismo americano, que engana um pouco com as suas palavras mansas e aspeto magro, soube impor-se.