Só depois percebi: são as exportações de outros bens que fizeram aumentar as vendas dos veículos pesados. Em 2016 estas máquinas situaram-se num patamar de vendas praticamente igual aos números anteriores à Grande Recessão de 2008 – a grande crise dos nossos tempos.
E aqui temos a economia a funcionar: para exportarmos mais (o que aumenta o PIB), temos primeiro de importar as máquinas (o que diminui o PIB). Com o tempo, o saldo torna-se positivo, pois a economia está a crescer, mas no imediato o efeito é negativo. E mostra que a estabilização do investimento a que temos assistido nos últimos trimestres se deve, sobretudo, à queda do imobiliário. Já não somos um país de construtores civis.
Outro exemplo em que o aumento das importações deve-se a um acelerar da economia prende-se com o petróleo. Com a atividade económica a aumentar, é preciso gastar mais combustíveis, e para isso importar mais petróleo. Estas relações chamam-se fatores técnicos da economia, e não podem ser ignorados por nenhum modelo de previsão económica.
Resumindo: o crescimento económico não é linear, pois exige sempre aumentos das importações, que diminuem o PIB. O que interessa é que usemos essas importações para depois exportarmos, com lucro. Mas, de facto, não há almoços grátis.