O BCP vai avançar com um aumento de capital de 1300 milhões de euros, cujo preço de subscrição será de 9,4 cêntimos por ação, depois de ter sido aprovado ontem em conselho de administração extraordinário. A ideia é simples: tem como objetivo concluir a devolução do apoio do Estado (CoCos- obrigações convertíveis) no valor de 750 milhões de euros, evitando desta forma a possibilidade de ter o Estado como acionista. O prazo para fazer esse pagamento terminava em julho deste ano Ao mesmo tempo, permite reforçar o nível de solidez mais exigente para cerca de 11%.
A oferta pública de subscrição destina-se aos atuais acionistas e prevê a emissão de 13830 milhões de ações, a um preço de 0,094 euros, ou seja, 9,4 cêntimos, revelou o banco em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Tendo em conta estas condições e a cotação de fecho desta segunda-feira (1,0412 euros), após a operação o BCP valerá 2283 milhões de euros. Isto significa que, o preço teórico do banco após o destaque dos direitos de subscrição do aumento de capital é de 0,1546 euros. É sobre este valor que o preço das novas ações representa um desconto de 38,6%, salientou o banco.
Aumento garantido
A operação está garantida pela Fosun – que já é o maior acionista do banco liderado por Nuno Amado – que se comprometeu em subscrever 31% do aumento de capital, e por um consórcio de bancos internacionais, composto pelo JP Morgan, Goldman Sachs, Bank of America Merril Lynch, Crédit Suisse e Mediobanca. O aumento de capital terá início a 19 de janeiro e deve terminar a 2 de fevereiro.
Já a Sonangol, a segunda maior acionista com cerca de 14%, já tem a autorização do Banco Central Europeu (BCE) para ultrapassar os 20% e, como tal, deverá reforçar a sua posição de forma a ultrapassar esta fasquia. Aliás, esta será a única solução para manter uma relação de forças equilibrada com a Fosun.
No entanto, o BCP garantiu que a empresa liderada por Isabel dos Santos ainda não tomou qualquer decisão sobre o que vai fazer no aumento de capital. “O banco foi informado de que, no contexto da alteração para 30% do limite à contagem de votos previsto nos estatutos do BCP, a Sonangol solicitou e obteve autorização do BCE para aumentar a sua participação no capital do banco para até aproximadamente 30%, mas não tem informação a respeito de qualquer decisão da Sonangol com referência à oferta [de novas ações], nomeadamente quanto a exercer, alienar e/ou adquirir quaisquer direitos de subscrição”, adiantou o BCP.
Novos administradores
Na sequência do acordo com a Fosun, a comissão executiva foi revista e aumentada com dois novos administradores. Trata-se de João Nuno Palma, antigo administrador financeiro da Caixa Geral de Depósitos da equipa de José de Matos. Foi também nomeado Lingjiong Xu como administrador não-executivo.