Isso deve ser considerado como um sinal de maturidade e de normalidade na gestão da dívida pública portuguesa: todos os anos haver uma nova emissão de dívida a dez anos, que assim substitui a anterior como referência. Tal só não aconteceu no período da troika, em que Portugal não podia financiar-se nos mercados. Este ano, segundo o IGCP, a entidade que gere a dívida pública nacional, o Estado pretende endividar-se a médio ou longo prazo todos os meses e, uma ou duas vezes por mês, também a curto prazo, onde as Euribor continuam negativas. Ao mesmo tempo, vai reembolsando empréstimos existentes, quando o prazo destes chega ao fim.
Onde está então o problema? Na taxa de juro. A dívida a dez anos de Portugal fechou hoje a 4,05%. Por isso, é natural que esta nova emissão de endividamento tenha taxas de juro à volta dos 4%, o que é superior à média dos juros pagos pela República Portuguesa, que é de cerca de 3,4%.
É claro que essa média não vai ser substancialmente alterada só com esta operação, que será (digo eu) de 1.000 ou 2.000 milhões de euros, num total de 237.000 milhões de euros de dívida direta do Estado (em novembro). Não estamos, como pretende Maria Luís Albuquerque, à beira do abismo. Mas tudo indica que temos de ter muito cuidado, e moderação nos gastos públicos, se não quisermos entrar numa espiral em que nos vamos financiando a juros cada vez mais altos.