Uma maneira errada de controlar a despesa pública

Faço pois um apelo – junte-se quem quiser, porque tudo o que é escrito nos jornais é vasculhado – para que esta medida seja eliminada. Ainda há tempo para isso.

Todos sabemos da habilidade e do gradualismo de Mário Centeno para controlar a despesa pública. Mas, desta vez, penso que houve uma medida que ultrapassa os limites da decência.

Tomei conhecimento, por um Sr. que me escreveu nos comentários dos meus artigos, que a sua pensão vai ser reduzida, por via do fim do pagamento de metade do 13º mês da sua pensão em duodécimos.

O Sr. em questão, que tem 81 anos, recebia no ano passado 320 euros por mês. Eu não consigo imaginar o que é viver com 320 euros por mês. Mas, por via do fim do pagamento do 13º mês em duodécimos, a sua pensão vai ser REDUZIDA para 308 euros por mês.

Bem pode o ministro da Segurança Social, Viera da Silva, dizer que nenhum reformado será prejudicado, porque no fim do ano as contas baterão todas certas. Isso é mesmo um raciocínio de quem trabalha num bom gabinete e que ganha milhares de euros mensais, não de um cidadão de 81 anos que tem de viver com 308 euros.

Faço pois um apelo – junte-se quem quiser, porque tudo o que é escrito nos jornais é vasculhado – para que esta medida seja eliminada. Ainda há tempo para isso.

Ponham-se na pele de quem tem de viver com 308 por mês, no estado de precaridade acrescida que a velhice trás. E a vossa razão acompanhará o vosso coração: o 13º mês das pensões tem de continuar a ser pago em duodécimos. Quanto muito, deem aos reformados a possibilidade de receberem metade do duodécimo mensalmente, mas que essa seja uma escolha que terá de ser obrigatoriamente pedida pelo reformado.

Façam o que está certo.