Marcelo Rebelo de Sousa e Donald Trump: dois Presidentes com muitas afinidades

1.Marcelo Rebelo de Sousa falou ontem, telefonicamente, ao Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald J. Trump. Assim que terminou a conversa, Marcelo fez questão de o divulgar a Lusa, publicando posteriormente breve nota no site da Presidência a relatar, no essencial, o conteúdo da conversa. Este é um sinal positivo: afinal, Marcelo Rebelo…

1.Marcelo Rebelo de Sousa falou ontem, telefonicamente, ao Presidente eleito dos Estados Unidos da América, Donald J. Trump. Assim que terminou a conversa, Marcelo fez questão de o divulgar a Lusa, publicando posteriormente breve nota no site da Presidência a relatar, no essencial, o conteúdo da conversa. Este é um sinal positivo: afinal, Marcelo Rebelo de Sousa tem uma admiração superior pelo Presidente Trump e pelos Estados Unidos do que por Cuba e a sua revolução comunista.

Isto porque, ao contrário do que aconteceu ontem, Marcelo Rebelo de Sousa embaraçou Portugal e os portugueses quando decidiu (por precipitação e até ingenuidade infantil) enviar uma mensagem, em nome do povo português, a felicitar a revolução comunista que instaurou um regime autoritário e totalitário.

Porquê e para quê? Ninguém percebeu. E mais: escondeu esta mensagem dos portugueses ao não a divulgar nem por via da comunicação social, nem por via do site institucional. Decerto, Marcelo percebeu o erro que cometera e tentou minorar os seus efeitos: se os portugueses não soubessem, não haveria problema algum. Desta vez, porém, foi rápido na divulgação da sua conversa com o Presidente Donald Trump , o que revela admiração e consideração, sem reserva mental nem embaraço, pelo novo líder do mundo livre. Bem.

2.Dito isto, ao contrário do que se julga, Marcelo Rebelo de Sousa é muito provavelmente o líder político europeu com mais semelhanças com o Presidente Donald Trump. Chocado/a, meu caro(a) leitor(a)? Então passemos aos factos. 

Em termos de personalidade, Donald Trump é criticado pela imprensa do politicamente correcto por ser um “bebé grande”, demasiado infantil, que reage como uma criança traumatizada e a precisar da anuência da sua “mãezinha”.

Ora, em Portugal, o que se disse (e diz) sobre Marcelo Rebelo de  Sousa? Os seus críticos afirmam que o Presidente português sofre do síndrome “Peter Pan”, que conserva ainda um lado infantil anormalmente acentuado para um sexagenário. Diz-se até que Marcelo, mesmo como Presidente, não perde uma oportunidade para se divertir com a sua malícia inteligente e as suas traquinices habituais com as quais se diverte perdidamente.

Pois bem, para a opinião dominante em Portugal e nos EUA, Marcelo Rebelo de Sousa e Donald Trump são dois Presidentes com uma personalidade (saudavelmente) excêntrica e obsessiva.

3.Em segundo lugar, Donald Trump é criticado por ser instável, por mudar de posição de acordo com as sondagens e a popularidade, de usar os mecanismos da linguagem mediática para construir a sua figura política.

Ora, estas críticas foram exactamente as mesmas que Sampaio da Nóvoa e os críticos de Marcelo formularam na campanha eleitoral e que um dia resgatarão quando Marcelo já não for útil à geringonça. Pois bem, quer Donald Trump, quer Marcelo Rebelo de Sousa são encarados como Presidentes instáveis, imprevisíveis, cujas opções políticas são variáveis e oscilantes de acordo com as conveniências de cada momento.

4Em terceiro lugar, Donald Trump conquistou a Presidência dos EUA com um orçamento de campanha anormalmente baixo, sem recorrer a financiadores, financiando as despesas com fundos próprios. Donald Trump foi o único candidato que não recorreu a “Super PAC’s”, os quais sempre tantas críticas da esquerda.

Portanto, Donald Trump deveria ser o ídolo da esquerda – ele próprio quer banir (e não utilizou, dando o exemplo) os grandes grupos de financiadores de campanhas eleitorais e as doações ilimitadas de grandes empresas: a esquerda vai conseguir uma das suas ambições políticas mais prementes graças ao Presidente Trump.

Ora, quem é que, em Portugal, sempre se vangloriou de fazer uma campanha low cost, sem doações de privados, sem ter que prestar contas a ninguém? Pois bem, é o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o qual inclusive utilizou esse argumento como um dos seus trunfos de campanha no debate contra Sampaio da Nóvoa.

5.Em quarto lugar, quer Donald Trump, quer Marcelo Rebelo de Sousa conseguiram ganhar uma eleição gastando um valor inusitadamente baixo de dinheiro por uma razão elementar – ambos beneficiaram de inúmeras horas de publicidade gratuita feita pelas televisões e publicações escritas de referência. Porquê? Porque ambas são figuras populares, carismáticas, que dominam a linguagem mediática, sobretudo televisiva, extraordinariamente bem. São verdadeiras estrelas televisivas dificilmente substituíveis.

Quanto mais força política e mais presença tiverem Donald Trump e Marcelo Rebelo de Sousa, melhor para a comunicação social americana e portuguesa – têm espectáculo para transmitir graciosamente. E espectáculo de qualidade!

Em conclusão: para a afirmação do Donald Trump político foi decisivo o sucesso (fantástico!) do programa “The Apprentice” transmitido na NBC durante anos; para a afirmação política de Marcelo Rebelo de Sousa foi decisivo o palco mediático que a RTP e a TVI lhe proporcionaram, durante anos, em prime-time ao domingo.

Sem “The Apprentice” não haveria muito provavelmente o Presidente Donald Trump; sem os comentários de domingo, na RTP e na TVI, porventura não haveria o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

6.Isto já para não dizer que Donald Trump, tal como Marcelo Rebelo de Sousa, orgulha-se de valer mais do que o seu próprio partido, reiterando à exaustão a necessidade de reforma do sistema político.

Quer Donald Trump, quer Marcelo Rebelo de Sousa proclamam que “não devem nada a ninguém” – foram eleitos por mérito próprio, logo, podendo decidir sem condicionalismos ou pressões partidárias. E, embora com estilos diferentes, ambos adoptaram um tom populista para o exercício das suas funções presidenciais (sim, porque Donald Trump já é, de facto, o Presidente dos EUA!).

7.Face às semelhanças profundas entre o Presidente Donald Trump e o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, espera-se que as relações entre os EUA e o nosso país se intensificam ainda mais. Que a sintonia entre os dois países possa ser (pelo menos) tão forte como a sintonia entre os seus dois Presidentes. Confiamos que será.

joaolemosesteves@gmail.com