A conferência de imprensa que deu na passada quarta-feira teve laivos cómicos mas também assustadores. Donald Trump – um homem com vida de garanhão americano mas com trejeitos afeminados quando aponta o dedo a quem não gosta – deu assim o pontapé de saída para o seu consulado, que será tudo menos pacífico. Há quem tema pelo mundo, mas penso que os americanos é que sofrerão ou beneficiarão com as tropelias ou jogadas de Donald Trump. Ao vê-lo de dedo em riste a bambolear de um lado para o outro, lembrei-me, não sei porquê, das imagens dos filmes que retratavam o Macartismo, período entre 1950 e 57 em que houve uma autêntica caça às bruxas, leia-se aos comunistas ou supostos apoiantes da União Soviética, e que acabaria por ser um dos momentos mais negros da história americana, se no esquecermos da escravatura e de outras bizarrias sobre os costumes. Tudo terminou depois de a coragem de alguns jornalistas, e não só, que puseram a nu a aberração criada pelo senador Joseph McCarthy que destruiu a vida a milhares de famílias.
Trump, ao negar responder à CNN e a outros órgãos de comunicação social que tinham noticiado que os serviços secretos russos possuíam imagens comprometedoras para o Presidente eleito dos EUA, revelou bem que vai governar seguindo a velha máxima de quem não está comigo está contra mim.
Os americanos que o elegeram que tratem de resolver os eventuais problemas que possa colocar. Não creio, para já, que o novo Presidente americano seja um perigo para o mundo. Ninguém chega àquele cargo e faz o que lhe bem apetece. Veja-se o que Obama disse sobre a prisão de Guantánamo e o que aconteceu, nunca tendo conseguido encerrá-la como prometera.
Os Estados Unidos da América, para o bem e para o mal, são a grande democracia do mundo e só assim se compreende que Richard Nixon tenha sido obrigado a demitir-se depois de dois jornalistas terem demonstrado que os homens do Presidente assaltaram a sede do partido rival para fotografarem e colocarem escutas, naquele que ficou mundialmente conhecido como o caso Watergate.
Voltando a Trump, na conferência admitiu que os russos e outros países tentaram influenciar as últimas eleições americanas._Esperemos pois que a imprensa não seja amordaçada como foi no tempo do Macartismo, e possa denunciar todos os atropelos às liberdades de cada um.