O antigo administrador-geral da Caixa Geral de Depósitos (CGD) Vítor Martins garantiu ontem que não sentiu pressão do governo Sócrates para deixar o cargo, mas afirmou que ficou surpreendido quando Teixeira dos Santos lhe comunicou que ia ser substituído dez meses depois de ter assumido a liderança do banco público. “Em nenhum momento fui abordado no sentido de ser exercida sobre mim uma pressão por parte do governo. O meu diálogo foi sempre com Campos e Cunha. Em qualquer momento houve qualquer referência que eu pudesse intuir qualquer pressão sobre a CGD”, afirmou durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público.
A verdade é que há cerca de duas semanas, Campos e Cunha revelou na mesma comissão ter sido pressionado pelo então primeiro-ministro José Sócrates para substituir a administração da CGD, tendo-se recusado a fazê-lo. Uma acusação que foi afastada, na semana passada, pelo seu sucessor, Fernando Teixeira dos Santos.
Mas quando questionado sobre o motivo pelo qual foi retirado do cargo dez meses depois da tomada de posse, Vítor Martins disse apenas: “não sei explicar”. Ainda assim, admitiu que o seu processo de saída foi muito simples. “O ministro das Finanças chamou-me às Finanças, no dia 1 de agosto de 2005. E essa reunião com Teixeira dos Santos dificilmente esqueço. Demorou uns minutos breves e foi-me anunciada a decisão do Governo de me demitir da administração da CGD”.
De acordo com o ex-administrador, Teixeira dos Santos não lhe forneceu qualquer informação sobre os motivos que o levavam a substitui-lo, pelo que questionou o então ministro das Finanças sobre essas razões. “A resposta que me foi dada foi vaga. Essa reunião foi dos momentos mais difíceis que eu tive na minha vida e por isso a guardo no meu espírito”, revelou, acrescentando ainda que não estava à espera que o encontro com a tutela tivesse esse objetivo.