O BCE deixou as suas taxas de juro inalteradas, por pouco convencionais que sejam (a taxa para os bancos comerciais depositarem o seu dinheiro no BCE permaneceu negativa, em -0,4%, para incentivar os bancos a emprestar). Além disso, o programa de compra de dívida também se manteve inalterado, em 80.000 milhões de euros por mês até março e em 60.000 milhões mensais de euros a partir de abril até ao final de ano.
Draghi disse que as perspetivas do BCE para o crescimento económico permanecem fracas, o que indica que não tem pressa para acabar o seu programa de compra de obrigações ou para, mais tarde, subir as taxas de juro. Disse também que a recente subida na inflação deve-se aos preços do petróleo, que são importantes e voláteis. Excluindo os preços dos combustíveis, a inflação permanece longe do alvo do BCE: perto, mas abaixo de 2%.
Essa não é todavia, a situação na Alemanha, onde a inflação foi de 1,7% em dezembro. Contra as queixas dos alemães, que vão a votos este ano, que a inflação já atingiu o limite e que os países ditos periféricos (Portugal incluído) não fazem o suficiente para melhorar as suas situações, Draghi respondeu que o alvo da inflação não é só para a Alemanha, mas para o conjunto da zona-euro. O presidente do BCE esclareceu também que a decisão de hoje foi unânime.
Portanto, Draghi não tem pressa em subir as taxas de juro, o que é muito bom para Portugal, e nos dá algum tempo para fazer o trabalho de casa, como seja facilitar os despedimentos. Isto pode parecer uma coisa cruel para se fazer, mas sabendo que despedir é mais fácil os empregadores contratam mais facilmente, não recorrendo a subterfúgios como os falsos recibos verdes. É a despedimentos e privatizações que se escondem sob as palavras neutras “reformas estruturais”. Mas resta saber como é que o governo PS as vai fazer sem o apoio dos outros partidos que o apoiam. Difícil, se não impossível.