Já quase não há novidade em dizer-se que “La La Land” varreu as nomeações para os Óscares – e depois de sair da última edição dos Globos de Ouro como o filme mais premiado de sempre não haverá também surpresa no facto de se ter juntado a “Titanic” e a “All About Eve” no primeiro lugar no olimpo dos mais nomeados de sempre para os prémios da Academia, entregues a 26 de fevereiro. O musical de Damien Chazelle que conta a história de amor entre uma jovem aspirante a atriz (Emma Stone) e um pianista de jazz (Ryan Gosling) está, como só aqueles dois filmes de 1997 e 1950, nomeado em 14 categorias, e em todas as de maior relevo: melhor filme, melhor realizador, melhor ator e atriz principais, melhor argumento, melhor fotografia, melhor guarda-roupa, melhor montagem, banda sonora e música original (por duas canções, “City of Stars” e “Audition”), melhor direção de arte e melhor montagem e mistura de som.
Em 1950, “All About Eve”, de Joseph L. Mankiewicz, acabou por vencer em seis categorias, há 20 anos o filme de James Cameron foi mais longe, com 11, número que “La La Land – Melodia de Amor”, com estreia nas salas nacionais esta semana, parece mais do que capaz de atingir depois do recorde histórico de sete prémios que, não fosse o grande discurso anti-Trump de Meryl Streep, teria feito a última edição dos Globos de Ouro no início do mês.
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A prova de que contra o musical de Chazelle tudo se torna difícil vemos logo na sombra para que “La La Land” acabou por atirar o aclamado “Moonlight” de Barry Jenkins ou “O Primeiro Encontro”, ficção científica de Denis Villeneuve, ambos com oito nomeações e aos quais se seguem “Manchester by the Sea”, de Kenneth Lonergan, e o épico “O_Herói de Hacksaw Ridge” de Mel Gibson, que acompanha o soldado Desmond Doss (Andrew Garfield) durante a Segunda Guerra Mundial.
E falando em Meryl Streep, foi na verdade seu o grande recorde das nomeações para os Óscares de 2017, com aquela que foi a sua vigésima nomeação para o Óscar de Melhor Atriz Principal pela interpretação de Florence Foster Jenkins no biopic de Stephen Frears sobre a soprano norte-americana, a competir com Natalie Portman (Jackie Kennedy no biopic de Pablo Larraín sobre a primeira-dama norte-americana), Emma Stone (por “La La Land” que já em Venza lhe deu o prémio de melhor atriz), Isabelle Huppert (pela sua interpretação no aclamado “Ela” de Paul Verhoeven) e Ruth Negga (por “Loving”, de Jeff Nichols).
De fora das nomeadas ficou Amy Adams, protagonista de “O Primeiro Encontro”, nomeado em oito categorias mas não nesta, e “Animais Noturnos”, que não conseguiu mais do que uma nomeação para os Óscares, pelo papel secundário de Michael Shannon como o detetive Bobby Andes em vez do expectável Aaron Taylor-Johnson, único Globo de Ouro para o filme de Tom Ford, grande prémio do júri em Veneza.
Praticamente fora das contas ficou ainda “Silêncio”, aguardadíssimo (e bem recebido pela crítica) filme de Martin Scorsese sobre a perseguição a dois padres jesuítas portugueses no Japão, nomeado apenas na categoria de melhor fotografia, a cargo de Rodrigo Prieto (“O Lobo de Wall Street”, “O Segredo de Brokeback Mountain” e “Babel”).
Conjunto de nomeados suficientemente diversificado para manter afastada a polémica da falta de representatividade que assombrou as edições anteriores dos prémios da Academia norte-americana. Pelo menos “não é uma aberração”, comentou Barry Jenkins ao “Guardian” que com “Moonlight” e aos 37 anos se tornou no terceiro realizador na história dos Óscares a conseguir a dobradinha nas categorias de melhor filme e melhor realizador. “É encantador ver que o trabalho que está nomeado reflete o mundo no seu todo. Mas é difícil: os filmes deste ano não são os filmes que teremos no próximo. Temos que ser diligentes e estar atentos a estas diferentes vozes e diferentes tipos de trabalho.”