Um consórcio liderado por António Esteves, ex-partner do Goldman Sachs, propôs ao governo e ao Banco de Portugal pagar 15 mil milhões de euros para ficar com o malparado da banca nacional.
“Entregámos uma proposta fechada e totalmente de mercado, sem ónus para o sector”, disse António Esteves ao Público. A operação, que prevê investir em títulos emitidos com garantia pública (e isso não é visto como auxílio estatal) é, garante, "privada e altamente flexível”. Poderá passar, também, por “contribuições para fundos de recapitalização de pequenas e médias empresas” ou pela transformação de dívida em capital.
“Achamos que podemos resolver o problema do crédito malparado, que está a carregar os balanços dos bancos portugueses, sem dar qualquer tipo de remuneração, e impondo uma estrutura pesada e onerosa para os gerir”
Em causa estão os empréstimos em moratória, cujo reembolso ou pagamento de juros decorre fora dos prazos, já que estão em dívida há mais de 90 dias.
O ex-partner do Goldman Sachs não pormenorizou mais a proposta, dizendo apenas que esses ativos problemáticos serão adquiridos “ao valor do balanço”, o que “evita” que os bancos “tenham de registar uma perda aquando da venda”.
A proposta foi apresentada há dois meses e tem, ainda, carácter informal. Isto porque não está ainda desenhado o mecanismo para resolver o problema.
Os bancos nacionais terão cerca de 30 mil milhões de euros de crédito malparado. Mais ou menos metade já está provisionado, mas precisamente os restantes 15 mil milhões é que são a batata quente que urge resolver. Desse total, 4.250 milhões estão no Novo Banco, 4 mil milhões na CGD, 3.250 milhões do BCP e cerca de 2 mil milhões no Montepio.