O investidor perdeu assim a totalidade do dinheiro aplicado, que deve agora recuperar pela sentença do tribunal (se não houver recurso), mais 2.500 euros por danos morais. A notícia é da agência Lusa e divulgada depois pelos jornais.
Sinceramente tenho pena que tal tenha acontecido, como cliente e como minúsculo acionista do BPI (e não vou vender na OPA lançada dos catalães do La Caixa, acho que o BPI tem bastante potencial de crescimento dos lucros e que as suas ações se vão valorizar no médio prazo por isso). Todavia, a situação não é surpreendente, resultando (não só no BPI, mas na banca de retalho em geral) da impreparação dos empregados do balcão em dar conselhos sob produtos financeiros. Segundo uma frase muito lapidar da sentença: “A decisão do investidor pode ser errada, mas tem de ser uma decisão esclarecida”. De facto, quando este senhor comprou as obrigações, elas já estavam avaliadas por uma das principais agências de rating, a Moody’s, em dois graus debaixo do nível “lixo”. E a partir daí, foi o descalabro, até à falência do ESFG e da perda total da aplicação do investidor.
Segundo o tribunal, o BPI devia ter informado o cliente do que estava a fazer com o dinheiro deste e dos riscos elevados que este corria. Não o fazendo, comportou-se de forma “ilícita e culposa”.
É que a história tem contornos que parecem rocambolescos, mas que não são inéditos. De facto, o empregado do banco comprou as obrigações da ESFG sem conhecimento do cliente, enviando o BPI um mês depois uma carta a este para ele autorizar a decisão, o que ele fez, confiando na bondade do discernimento do empregado. O empregado devia ter objetivos de vendas a cumprir. Sinceramente, estou desiludido com o BPI, mas não deixarei de ser cliente. Há sítios piores.
Tudo somado, tomei uma decisão: se os leitores tiverem dúvidas sobre aplicações financeiras, entrem em contacto comigo através de uma discussão qualquer, e eu, se souber, darei a minha opinião. Não sou infalível, mas tenho mais conhecimentos sobre aplicações financeiras do que a generalidade dos empregados dos balcões dos bancos. Este meu “serviço” é gratuito. Trata-se apenas de ajudar quem precisa de ajuda. E bem hajam.