PSD. Rui Gomes da Silva era a alternativa a Santana Lopes

Concelhia do PSD/Lisboa preferia Gomes da Silva caso Santana não aceitasse o convite para a Câmara de Lisboa. Mas a direção não o sondou

Rui Gomes da Silva era o favorito do PSD/Lisboa como alternativa a Pedro Santana Lopes. O homem que, aliás, serviu como ministro do governo de Santana (2004-2005) é hoje mais conhecido pelas suas ligações ao mundo do futebol, sendo também sócio de um escritório de advogados, mas foi desejado para tentar a capital.

A concelhia lisboeta do PSD, presidida por Mauro Xavier e vice-presidida por Rodrigo Gonçalves, tinha preferência pelo nome de Gomes da Silva caso não conseguisse convencer Santana, e o i sabe que o ex-ministro não fecharia essa porta, mas ainda não recebeu qualquer sondagem por parte da direção social-democrata.

Ao que o i apurou, nesse sentido, o nome de Gomes da Silva nem chegou a ser equacionado na sede nacional, na São Caetano à Lapa.

“A concelhia está totalmente afastada do processo desde que não conseguiu o provedor da Santa Casa da Misericórdia [Santana Lopes]. Até lançaram uma deliberação que coloca a decisão final no presidente do partido [Passos], por isso, a sua influência no processo é, naturalmente, residual”, aponta fonte do grupo parlamentar social–democrata ao i.

As Vice-presidentes

Rui Gomes da Silva pode, então, até ser o favorito do PSD/Lisboa, mas a nomeação como candidato dos sociais-democratas à presidência da Câmara Municipal de Lisboa está nas mãos de Pedro Passos Coelho e os seus nomes prediletos não passam por aqui.

“Depois de tantas recusas, deve calhar a uma das vice-presidentes. Talvez a Sofia Galvão, para ganhar palco, ou a Teresa Morais, que conhece bem Assunção Cristas. Fizeram campanha juntas nas legislativas de 2015…”, recorda a mesma fonte, que se reservou ao anonimato.

Um almoço de inverno, parte II

Passos Coelho acabou o ano passado a almoçar com Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém – um repasto que, dado o clima de tensão entre a Presidência e a liderança da oposição, deve ter sido mais frio que uma vichyssoise.

Pelos vistos, a circunstância virou moda e o presidente do PSD tornou a partilhar um almoço com um social-democrata que lhe é distante. Nada mais, nada menos que José Eduardo Martins, apoiante do Presidente da República e o mais sonoro dos críticos internos de Passos Coelho – pelo menos, até há muito pouco tempo.

Durante os tempos em que Passos chefiou governo, Martins, ex-deputado e ex-secretário de Estado de Durão Barroso, era a voz mais crítica dentro do Partido Social Democrata. No entanto, depois da formação da geringonça, José Eduardo foi ao congresso do PSD em Espinho com um discurso moderado, bem menos crítico. Afinal, Passos acabava de ser reeleito líder com 95% dos votos dos militantes.

O facto é que as críticas baixaram de tom e, depois de ser nomeado coordenador do programa autárquico para Lisboa – por Mauro Xavier, não por Passos –, chegou a concordar com posições defendidas pelo líder do maior partido da oposição.

Ontem, o almoço seria, portanto, morno, talvez com velhas feridas já mais saradas. No entanto, deu-se uma entrada que não estava prevista na ementa.

Obviamente, demitia-me

Horas antes da refeição agendada, José Eduardo Martins concedeu uma entrevista à Antena 1 em que afirmou: “Quem fixa um objetivo para o partido e não é muito ambicioso e não o consegue, tem seguramente de refletir se foi útil à consecução desse objetivo. Por outras palavras, no lugar de Pedro Passos Coelho, se tivesse fixado esse objetivo e não o conseguisse, demitia-me.” O objetivo mencionado, e assumido por Passos, é o de ter mais câmaras que o PS – no fundo, não ter um resultado pior que o de 2013, em pleno período de assistência financeira.

Mais tarde, ainda ontem, o semanário “Expresso” noticiou que Passos havia endereçado o convite para José Eduardo Martins ser o candidato do partido à Câmara de Lisboa. “É típico de Passos chamá-lo a jogo depois de ele dizer que a liderança fica em causa com as autárquicas. ‘Se o partido precisa de mais ambição, porque não vens contribuir?’ – é simples, mas muito bom, porque é óbvio que o Zé [Eduardo Martins] não pode aceitar. Ser coordenador garante- -lhe visibilidade; ser candidato para perder contra Medina só fazia com que Passos visse um crítico enfraquecido”, diz ao i fonte do conselho nacional social–democrata.

Ao i, Martins disse apenas: “É completamente falso [que Passos o tenha convidado].” Nessa manhã, o social-democrata já tinha dito: “Está fora de questão.”