1. A Direita Nacional e TRUMP. Estou longe e afastado. Admito por isso alguma paralaxe. Mas julgo pressentir em muitos setores da direita liberal nacional (a minha gente) um ‘não-sei-o-quê’ de complacência com Donald Trump. Ou, pelo menos, alguma dose de empatia face ao que acham ser as diatribes e os excessos da esquerda ‘folclórica’ . Acho que deixam que a aversão às momices tradicionais da esquerda (a qual partilho) lhes tolde o julgamento. Trump faz o pleno das anti-virtudes liberais: O obscurantismo, a intolerância, a prepotência, a imodéstia, a incivilidade, o egoísmo, o patrioteirismo, a xenofobia, e a lista poderia continuar. Não acho que tenha qualquer remissão, como aliás os primeiros dias da sua presidência demonstram.
2. A Esquerda Nacional e TRUMP. A esquerda nacional rejubila com a vitória de Trump pois ela revela à saciedade, «como sempre disseram», a tacanhez dos ‘americanos’ que se deixaram levar por uma personalidade da TV e como eles «não são aliados de fiar». Se a esquerda não tivesse vergonha rejubilaria ainda com a vitória de conceções da economia e das relações internacionais que são também as suas. Ainda ontem ouvi Trump (ou o seu inefável secretário de imprensa) vociferar contra a medida oficial da taxa de desemprego, repetindo argumentos familiares do PCP, do BE e da CGTP. Idênticos são também os argumentos em favor do protecionismo e contra acordos multilaterais de comércio. A aversão à União Europeia e o desejo pelo regresso a um mundo dominado pelas relações bilaterais entre Estados são, também, plataformas comuns.
3. Os Democratas Liberais e TRUMP. Ninguém me passou procuração. Trump representa com Putin e Ergodan, a democracia iliberal: o poder do voto contra as liberdades. Contra eles todos os aliados são bem-vindos. Vêm-me à memória as palavras do grande campeão da democracia liberal, Winston Churchill, «Se Hitler invadisse o Inferno, eu certamente que teria uma palavra simpática em favor do Diabo».