“Choose a colour of LED lights. Each colour matches a different tune”. Vermelho, amarelo, verde ou azul, não importa qual, o resultado será sempre a mesma mensagem a informar de que nos encontramos demasiado longe para poder interagir com o Pop Galo, que devemos aproximar-nos. Coisa impossível a não ser que estejamos em Pequim por estes dias, depois Xangai, primeiras paragens internacionais às quais provavelmente se seguirá o Rio de Janeiro, depois da grande inauguração na Ribeira das Naus, em Lisboa, em novembro passado, no Web Summit, com a presença de um primeiro-ministro que não o conseguia ligar.
Dez metros e quatro toneladas de Galo forrados a 17 mil azulejos Viúva Lamego, como manda a melhor tradição, mais 16 mil luzes LED e nove metros de cabos elétricos, por Joana Vasconcelos, quem mais, e com o patrocínio do Gallo, o azeite,numa parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e do Turismo de Portugal. Ícone tornado pop tecnológico, tudo em modo desmontável, bom que seja, porque a ideia é, que leve Portugal a novos lugares, numa viagem que começa na China e que a confirmar-se a ida ao Rio de Janeiro há de dar a volta ao mundo, com o que se diz que são os novos lugares ainda por confirmar no roteiro da viagem que é possível acompanhar em www.popgalo.com, onde vai sendo criada uma galeria com as fotografias tiradas por quem vê a obra nas cidades por onde for passando.
Mas não era para ter sido esta a história do Pop Galo. Incialmente projetado para ser inaugurado no Rio de Janeiro na celebração dos 450 anos da fundação da cidade, em 2014, acabou por ficar em terra – segundo o ateliê de Joana Vasconcelos devido a problemas relacionados com o “clima político” que entretanto se instalou no Brasil. E vieram depois o Web Summit e a China salvá-lo. “Há sempre coincidências felizes”, disse António Costa quando tentou sem sucesso acender os LEDs pela primeira vez, história que quase abriu telejornais – afinal estava-se no Web Summit e o problema residia nas pilhas do comando. Percalços à parte, o Pop Galo, acrescentou, é a “representação daquilo que queremos que seja a nossa imagem, a imagem de um país moderno mas que não perde as suas raízes, um país que se afirma com base na sua cultura popular”.
Coincidência feliz depois de o Galo não ter podido viajar até ao Rio de Janeiro é que este novo ano chinês seja precisamente o Ano do Galo. O seu início coincide com a inauguração, hoje mesmo, da obra de Vasconcelos em Pequim. 2017 é também o ano em que será criada, em julho, a primeira ligação aérea direta entre Lisboa e a cidade chinesa. Alinhamento perfeito para cumprir aquilo que Joana Vasconcelos disse na inauguração em Lisboa ser o desígnio deste galo “transversal” e “multicultural”, que é “fazer um paralelismo entre a simbologia do galo na cultura portuguesa e noutras culturas”. Pop Galo, explicou Vasconcelos, que no princípio do projeto se questionou sobre se o galo continuava a ser um ícone da cultura portuguesa ou se se tinha tornado apenas mais um objeto da cultura turística, é um revisitar da cultura pop pela mistura de materiais improváveis que juntos criam uma nova versão do tradicional português. “É um galo tradicional durante o dia, com azulejos, e à noite é um galo do futuro, com luz e música”.