O período para subscrição das novas ações do BCP termina a 2 de fevereiro, mas quase na reta final a operação do aumento de capital parece estar finalmente a atrair os acionistas de referência do banco liderado por Nuno Amado. Tudo indica que a Sonangol irá manter, pelo menos, a atual posição acionista de 14,8% do BCP.
Para isso, a empresa liderada por Isabel dos Santos terá de investir mais de 190 milhões de euros. Mas ao contrário do que se verificava há uns meses atrás, a petrolífera angolana terá agora mais condições financeiras para o fazer. «Poderá executar um reforço», garante ao SOL, José Correia, gestor da corretora XTB, lembrando ainda que «a recuperação do preço do crude tem beneficiado as empresas do setor energético e por conseguinte a Sonangol tem tido nas últimas semanas maior capacidade para participar neste aumento de capital».
Recorde-se que a Sonangol, no final de 2016, solicitou ao Banco Central Europeu a autorização para reforçar a sua posição no banco para um nível superior aos 20%, tendo recebido a resposta positiva no início deste ano. A petrolífera angolana é acionista de referência do BCP desde 2007, onde começou por ter uma posição qualificada de 2%.
Mais reforços
O mesmo caminho será seguido pelo grupo InterOceânico que detém uma participação de 1,7% no banco. A estratégia destas duas entidades passa por realizarem investimentos que lhes permitam manter as atuais posições. No entanto, para manter o seu peso no banco liderado por Nuno Amado, a InterOceânico vai ter de investir 23 milhões de euros.
Também o Fundo de Pensões da EDP decidiu acompanhar o aumento de capital do BCP, mantendo a participação de 2,56%, o que se traduz num investimento de 28 milhões de euros.
Já os chineses da Fosun, que serão futuros acionistas de referência do banco, terão que comprar direitos de subscrição em bolsa para conseguir elevar a posição no BCP de 16,7% para 30% neste aumento de capital.
Os direitos vão negociar em bolsa até 30 de janeiro, sendo que o período de exercício termina a 2 de fevereiro. Cada direito permite a compra de 15 ações, mediante o pagamento de 9,4 cêntimos por cada uma.
A verdade é que uma semana depois do arranque da negociação destes direitos em bolsa, apenas 20% trocaram de mãos em bolsa. O fraco volume deve-se, em grande parte, ao facto dos maiores acionistas do banco, a Fosun e a Sonangol, não quererem desfazer-se dos direitos que lhes foram atribuídos. O grupo chinês e a Sonangol fizeram saber automaticamente que iriam acompanhar a operação, aproveitando o aumento de capital para chegar aos 30% e a petrolífera angolana recebeu luz verde por parte do BCE para superar a fasquia dos 20%.