O ditado que se utiliza de beber “para afogar as mágoas” até pode funcionar, mas só durante algumas horas. Um estudo realizado nos Estados Unidos da América, revela que as más recordações parecem fixar-se melhor na memória após o consumo de quantidades significativas de álcool.
O estudo conduzido por investigadores da Universidade John Hopkins, de Baltimore, foi publicado recentemente na revista Translational Psychiatry.Para estudar os efeitos do consumo de álcool, os cientistas usaram ratos de laboratório, divididos em dois grupos. Um bebeu água e outro grandes quantidades de álcool, de seguida, os animais ouviram um som, que antecedeu a uma descarga elétrica. No dia seguinte, de acordo com o jornal espanhol El País, quando ouviram o mesmo som, os ratos que tinham bebido álcool tinham mais medo do que os que tinham bebido água. O que leva a concluir que recordavam melhor a descarga elétrica.
Esse medo foi medido pelo tempo de congelamento aquando do toque. Uma das conclusões a que os investigadores chegaram é que o álcool perpetua a sensação de medo, o que está relacionado com a forma como os seus compostos se ligam aos recetores do neurotransmissor glutamato. Estes interferem com as sinapses, ou seja, a comunicação entre os neurónios, fazendo então com que os animais não se esqueçam da experiência “traumática” que tiveram.
No entanto, esta pesquisa ainda não foi experimentada em seres humanos, mas o cienistas acreditam que no futuro, poderá vir a conduzir novas opções de tratamento de alguns problemas de saúde mental, "se os efeitos do álcool nas memórias desagradáveis forem semelhantes nos humanos ao que observámos nos ratos, o nosso trabalho ajuda a perceber melhor como funcionam estas memórias e a direcionar melhor as terapias em pessoas que sofram de stresse pós-traumático", afirma o professor de neurologia na Universidade John Hopkins, Norman Haughey, citado pela News Medical.