Bem mais perto de nós está a França, com quem temos relações comerciais e de amizade mais importantes do que com os Estados Unidos, e onde a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, surge nas sondagens com hipóteses reiais de ser tornar a próxima (e a primeira mulher) Presidente da República. O Diário de Notícias faz hoje um resumo dos seu programa eleitoral, e é de arrepiar: saída do euro (o que provocará o fim deste), fim da livre circulação de cidadãos europeus, imigração limitada a 10.000 pessoas por ano, fim da dupla nacionalidade pelo casamento, e inserir na Constituição uma norma que dê prioridade aos franceses em todos os domínios (solução talvez copiada da Malásia, onde as pessoas de etnia malaia têm prioridade sobre as pessoas de etnia hindu ou chinesa, mesmo que estes também tenham a nacionalidade malaia).
Enfim, depois do brexit, que já está a provocar a relocalização de milhares de trabalhadores dos bancos da City para Paris ou para Frankfurt, e da eleição desse palhaço abertamente racista chamado Trump, temos agora a possível vitória do extremismo bem ao pé de nós, em França.
Tudo isto, a meu ver, porque os benefícios da globalização não foram justamente distribuídos. Só nos podemos queixar de nós próprios, se uma parte substancial da população (não em Portugal, felizmente) está a sofrer tanto que cai, atraída pelos cantos das sereias extremistas.