Acusado de ter oferecido trabalhos fictícios à mulher e aos filhos, pagos com o dinheiro do Estado francês, François Fillon admitiu, esta segunda-feira, em conferência de imprensa, que cometeu um erro.
“O que era aceitável há uns anos, deixou de o ser. Ao trabalhar com a minha esposa e com os meus filhos, sabia se tratava de uma relação de confiança, mas hoje em dia, isto levanta suspeitas”, assumiu o candidato à presidência de França pelo partido conservador Os Republicanos, citado pela BBC. “Foi um erro. Lamento profundamente e peço perdão aos franceses”, acrescentou, antes de garantir que “não tem nada a esconder” e que se manterá na corrida ao Eliseu, pese os diversos pedidos de afastamento, oriundos das candidaturas opositoras e de algumas fações dentro da direita.
A legislação francesa permite que os deputados contratem familiares diretos para posições de assistência, pelo que foi nesse âmbito que Fillon apontou a esposa para o cargo de assessora parlamentar, no final dos nos 90. O caso virou polémica quando o “Le Canard Enchaîné”, apoiado em testemunhos de funcionários da Assembleia Nacional, revelou que
Penelope Fillon recebeu mais de 800 mil euros, durante cerca de dez anos, sem nunca ter trabalhado. Para além disso, aquele jornal também noticiou que os dois filhos do casal receberam 84 mil euros por um trabalho de advocacia, numa altura em que nenhum deles podia exercer o papel de advogados.
Outrora favorito a disputar a segunda volta das eleições presidenciais com Marine Le Pen, o candidato do centro-direita caiu a pique nas intenções de voto dos franceses e já se encontra atrás do independente Emmanuel Macron nas sondagens.
Fillon garante que tudo foi feito dentro da legalidade e aponta o dedo à esquerda. “Querem destruir-me e, através disso, destruir a direita e roubar uma eleição”, acusou, num comício realizado na quinta-feira passada.