Será verdade?

Segundo o Jornal de Negócios de hoje, 7 de fevereiro de 2017, o ministro das finanças, Mário Centeno, anunciou ontem, na sessão de apresentação do relatório da OCDE sobre Portugal, que “em breve” o governo apresentará uma solução para o crédito malparado na banca que não imponha custos para os contribuintes.

Fiquei deveras intrigado. É certo que o excesso de crédito malparado põe pressão sobre os rácios dos bancos e os impede de conceder novos empréstimos, o que é prejudicial para o crescimento da economia. Os bancos, sozinhos, já demonstraram que não conseguem resolver o problema. Mas a solução, que segundo o Jornal de Negócios já tinha sido garantida pelo primeiro-ministro, António Costa, em abril do ano passado, não envolver dinheiro dos contribuintes, sinceramente baralha-me. Será que estão a pensar em colocar o crédito malparado num título de dívida e depois vendê-lo no mercado? Será a criação de um “banco mau” para agrupar esses créditos? E, em ambos os casos, terá a banca fôlego financeiro para suportar prejuízos pesados com a venda do crédito malparado?

Em Portugal, o crédito vencido representa 13% em relação ao total do crédito total, o que representa o 4º valor mais elevado da OCDE (organização que agrupa os países mais industrializados do mundo). Limpar esse crédito malparado do balanço dos bancos será um passo importante para a economia portuguesa, que, segundo a OCDE, está numa posição desfavorável para aguentar novos choques externos, como a subida das taxas de juro, que já se verifica.

Seria bom encontrar uma solução para o crédito malparado. Agora, uma solução que não magoe os contribuintes, a banca, ou ambos, sinceramente não estou a ver como.