“Ela foi avisada. Foi-lhe dada uma explicação [e] ainda assim, ela insistiu”, lembrou Mitch McConnell, o líder da maioria republicana no Senado norte-americano, citado pela Fox News, para justificar a interrupção da intervenção da senadora democrata e a consequente votação que formalizou a imposição feita a Elizabeth Warren, que terá, agora, de se manter calada até à confirmação de Jeff Sessions, como procurador-geral dos EUA.
A escolha do ainda senador do Alabama para o cargo, por parte de Donald Trump, esteve mesmo no centro de toda a polémica. Warren aproveitou ter-lhe sido dada a palavra, no debate de confirmação de Sessions, na câmara alta do Congresso, para ler uma carta, redigida pela mão de Coretta Scott King, viúva de Martin Luther King, na qual acusava o escolhido de Trump de “utilizar o poder do seu cargo para negar o livre exercício do direito de voto dos cidadãos afroamericanos” no território por onde pretendia servir.
A missiva havia sido escrita e enviada para o Senado, em 1986, aquando das audiências preliminares com vista à nomeação de Sessions para o cargo de juiz federal – acabou por ser rejeitado – e a sua leitura, por parte da senadora eleita pelo Massachusetts, foi vista por McConnell como uma violação da disposição do regulamento interno do Senado que proibe um senador de imputar noutro senador uma “conduta ou motivo impróprio” para o exercício do cargo.
Warren foi avisada, num primeiro momento, e interrompida, pouco depois, pelo líder da maioria do Partido Republicano, que solicitou ao presidente da mesa que lhe retirasse a palavra, por estar a atacar um senador, e aquele acedeu. Mais tarde, por volta da meia-noite de terça-feira (madrugada de quarta, em Portugal), 49 republicanos votaram a favor de silenciar a senadora, e 43 democratas votaram contra.
Indignada, Elizabeth Warren utilizou o Twitter e o Facebook para acusar McConnell de ter “silenciado a voz da Sra. King” e releu a carta na íntegra.