O novo bastonário dos Médicos quer definir os tempos mínimos em cada consulta mas as promessas da campanha eleitoral não se ficam por esta medida. Miguel Guimarães, que toma posse esta quarta-feira pelas 19h numa cerimónia na Academia de Ciências de Lisboa, pretende bater-se pela redução da lista de utentes dos médicos de família e eliminar a “excessiva carga burocrática e as tarefas administrativas atribuídas aos médicos”.
Além disso, quer promover a elaboração de um “relatório-branco” sobre as insuficiências no Serviço Nacional de Saúde e defende que o ministro da Saúde faça visitas surpresa aos hospitais para constatar a realidade dos serviços.
Ao todo Miguel Guimarães defendeu 30 medidas durante a corrida à Ordem. A redução das vagas para Medicina e o reconhecimento da medicina como uma profissão de risco e desgaste rápido são outras bandeiras.
Sobre a definição dos tempos mínimos para consulta, Miguel Guimarães revelou ao i em dezembro que serão os colégios de especialidade a trabalhar sobre esta matéria. Mas defendeu, desde logo, que o tempo mínimo que um médico tem para estar com um doente devem ser 30 minutos.
“Para melhorar a qualidade do ato médico é preciso definir o tempo da consulta. (…) Temos de pensar as diferentes dimensões. O tempo de comunicação com o doente, o tempo para lidar com o sistema informático, que nem sempre funciona bem e tem um grau de complexidade enorme – há umas dez aplicações diferentes que não estão interligadas. É preciso ainda tempo para tirar dúvidas: os médicos não são um computador. Antigamente tínhamos o simpósio terapêutico, hoje temos a internet, mas às vezes é preciso ligar a um colega. Finalmente, é preciso tempo para explicar ao doente o que vamos fazer”, sublinhou Miguel Guimarães.
Os tempos mínimos poderão variar entre especialidade, acrescentou. “Uma especialidade como psiquiatria precisa de um tempo maior, outras terão um tempo menor, mas, se calhar, o tempo mais curto serão 30 minutos. Não podemos continuar a ter consultas marcadas de 15 em 15 minutos, nem 12 ou sete. Os médicos estão a trabalhar para além do limite, é uma situação insustentável e tem de parar, também pelo risco. Depois, quem faz as capas dos jornais quando acontece alguma coisa errada, por deficiência do sistema, são os médicos, como se fossem a ovelha negra.”