Soares da Costa. Recuperação está nas mãos de juiz

CGD recusou plano de recuperação aprovado à tangente. Magistrado decide futuro em 10 dias

A Caixa Geral de Depósitos, principal credora da Soares da Costa, votou contra o plano de recuperação que foi apresentado pela administração da empresa, mas a salvação foi aprovada à tangente, graças ao voto favorável dos restantes credores.

Ainda assim, a votação não dá garantias de que a empresa será salva, porque nada é definitivo. O processo vai agora ter de passar pelas mãos do juiz que está com o processo e é necessário que a votação seja homologada. A resposta tem de ser dada num prazo máximo de dez dias.

Pedro Pidwell, administrador de insolvência deste processo, em declarações ao “Público”, explica que “foi sobretudo a mobilização de fornecedores e trabalhadores que permitiu que este processo de viabilização possa ir para a frente”.

Na proposta de recuperação da Soares da Costa prevê-se que exista um perdão de dívida aos bancos. Entre os credores da banca estão, por exemplo, o BPI, o BIC, o BBVA e o Bankinter. A verdade é que, com créditos reclamados a chegar aos 696,7 milhões de euros, é proposto que haja um perdão de 75% das dívidas em euros, mais um perdão de 35% das dívidas em kwanzas (moeda angolana). A ideia é que o resto seja pago num prazo de 18 anos.

Além disso, na proposta que foi feita para recuperar a empresa, a administração assume ainda o compromisso de alienação de alguns ativos. Na lista está, por exemplo, o negócio em Moçambique, que deverá ser alienado ainda este semestre.

Mas há mais credores a quem são pedidos outros sacrifícios. No caso das dívidas ao Estado, por exemplo, é pedido um prazo de 12 anos para fazer o pagamento. Já no caso dos vencimentos em atraso dos trabalhadores, é pedido que esperem cinco anos para receber o dinheiro.

Recorde-se que o pedido de recuperação da empresa foi feito em agosto do ano passado, uma altura particularmente difícil para o grupo, que nesta altura já tinha ordenados em atraso tanto em Portugal como em Angola e em Moçambique. No final de 2015, a empresa queria despedir cerca de 500 pessoas. Sofia Martins Santos

Grupo da Caixa Geral de Depósitos, um dos credores, votou contra, mas acabou por ser uma posição isolada