Os emojis (pequenas figuras que expressão diferentes emoções) são cada vez mais usados, principalmente pelos jovens. Mas estas ‘carinhas’ são mais velhas do que parecem: a mais antiga tem mais de 350 anos.
O instituto norte-americano Smithsonian publicou esta semana um artigo com o título ‘Investigadores descobrem emoji do século XVII’. O texto, que cita uma notícia do “International Business Times”, revela que especialistas do arquivo nacional de Trencin, na Eslováquia, acreditam ter encontrado o emoji mais velho do mundo, num documento que data de 1635.
Segundo o mesmo texto, o ícone foi encontrado num escrito que pertenceu a Jan Ladislaides, um advogado que vivia numa aldeia perto das montanhas de Strazov. Este homem estaria a rever as contas do município onde residia e, como sinal de satisfação, decidiu colocar no fim um círculo com dois pontos e uma linha – uma imagem a que hoje associamos ao emoji sorridente.
Peter Brindza, responsável pela investigação, disse à publicação “Barcroft News” que o emoji se encontrava ao lado da assinatura de Ladislaides, no final do texto. O desenho feito não parece ilustrar uma expressão de felicidade, mas sim de dúvida. No entanto, o investigador garante que, lendo as passagens anteriores do documento, o advogado estava satisfeito com as informações divulgadas no texto.
Além deste ‘smile’, os investigadores encontraram no mesmo documento o que parece ser a mão de um palhaço a apontar para o topo das páginas dos documentos legais de Ladislaides. Apesar de ainda não se saber o significado deste símbolo, a televisão pública chinesa, citada pelo Smithsonian, especula que se pode tratar de um tipo de ‘hashtag’, o que é hoje em dia usado nas redes sociais para aglomerar textos, fotografias e vídeos sobre o mesmo tópico.
Até agora, o emoji ‘mais velho’ do mundo era de 1648 e tinha sido colocado no poema ‘To Fortune’, do inglês Robert Herrick. No entanto, investigadores afirmam que o símbolo em causa não se trata de um emoji, mas sim de uma emenda tipográfica.
O símbolo agora encontrado na Eslováquia pode ser o emoji mais antigo, mas a verdade é que os seus antepassados ‘nasceram’ há milhares de anos – desde as pinturas rupestres, passando pelos hieróglifos e os símbolos religiosos e mitológicos presentes na pintura e escultura tradicional, todos estas representações podem ser encaradas como os primórdios da linguagem moderna que milhares de pessoas usam hoje em dia.
Prós e contras para os jovens O uso dos emojis tem, como tudo, aspetos positivos e negativos na vida de uma criança ou adolescente. A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos refere que, por um lado, este tipo de linguagem icónica e simbólica pode ajudar a manifestar emoções e a despertar sensações agradáveis no outro: “poder pôr um sorriso no final de um recado para alguém é muito agradável”. No entanto, a especialista diz que é preciso os pais estarem atentos a este tipo de interação, já que a falta de palavras escritas pode trazer consequências graves durante o período de aprendizagem e, consequentemente, na vida adulta.
“Pensa-se que este tipo de linguagem é um dos responsáveis pelas dificuldades que muitas crianças e jovens têm em explicar por palavras os conteúdos das matérias, nomeadamente a partir do 6º ano. A partir do 8º ano é catastrófico”, disse ao i a pedopsiquiatra.
De acordo com a especialista, a linguagem que tem como base símbolos e ícones é processada no hemisfério direito, fazendo com que o esquerdo, responsável pelo pensamento lógico e pela competência comunicativa, não seja estimulado. “Existem muitos especialistas preocupados com o défice de semântica nas novas gerações. É preciso não esquecer que temos narrativas internas e externas e quando dialogamos com o outro temos de ter a consciência empática de ver se o interlocutor compreende o que dizemos”, defende.
Ana Vasconcelos explica ao i que esta linguagem funciona entre os mais novos porque “não têm de explicar conteúdos” – a conversa é feita de uma forma coloquial e relacional, sendo usadas expressões rápidas que, sem ser muito descritiva, são compreendidas pelo outro. “O problema surge quando a pessoa precisa de uma linguagem que defina conceitos e abstrações. (…) É preciso ter cuidado porque quando é preciso usar um conteúdo mais elaborado de linguagem escrita e/ou verbal na escola, as crianças não conseguem. É parecido com o que muitas vezes se passa com os miúdos hiperativos, com défice de atenção, que se aborrecem porque não conseguem acompanhar as palavras que a professora diz”, defende a especialista.
Emoji de 1635
Este foi o símbolo encontrado no texto do advogado eslovaco Jan Ladislaides. O texto remonta ao ano de 1635 e os investigadores acreditam que o ícone colocado no final do documento, junto à assinatura, tem como objetivo sugerir um sinal de aprovação.