Foi a cidade do Porto que ganhou o prémio de melhor destino turístico europeu. De 440.000 votantes, um pouco mais de 30% votaram na Invicta, que assim, depois de 2012 e 2014, ganha este prémio pela terceira vez. Derrotou cidades como Milão, Roma, Madrid ou Paris, o que é verdadeiramente excecional. Tenho amigos no Porto, que certamente ficarão contentes com este prémio, e com justiça.
Conheço um pouco do Porto, pois foi lá que tirei o MBA. A Escola de Gestão do Porto ficava na altura ao lado de um dos hospitais psiquiátricos da cidade, o Magalhães Lemos, pelo que uma das “bocas” mais em voga no último trimestre era que “não vale a pena acabar o MBA no Magalhães Lemos”.
Devido ao esforço exigido por aquele exigente MBA, fiquei a conhecer mal a cidade. Notei, contudo, que no Porto se pode comer, e bem, à beira-mar. Em Lisboa, só à beira-rio. Razões geográficas, das quais ninguém tem culpa. Há é mérito ou demérito na forma como se aproveita o que se tem.
É que, por vezes, é preciso alguém de fora para nos mostrar algo que, de tão próximo, passa despercebido. Caso do Geert, ex-colega e amigo belga (onde hoje trabalha no ministério das finanças), que, com a esposa, visitaram Lisboa há dois anos, e no ano passado foram ao Porto. E, das duas, preferiram a cidade nortenha. Porquê? Porque, segundo eles, no Porto pode-se disfrutar longamente da beira-rio e da beira-mar, enquanto em Lisboa isso não é possível. Já se fez alguma coisa nos últimos anos, mas em Lisboa o Geert e a esposa não puderam andar quilómetros de bicicleta à beira-rio e à beira-mar, tal como puderam no Porto. Ambas as cidades têm rio (e o Porto tem mar), mas só uma sabe aproveitar bem o que de melhor tem, e é o Porto.
O Porto é também grande na arte moderna e contemporânea: tem a fundação de Serralves, e recebeu agora a coleção Miró, que já estava na posse do Estado, mas que o governo de Passos Coelho, cegamente, quis vender em leilão. Fiz parte dos que protestaram contra a possível venda. Era de facto cegueira, pois isso é o tipo de arte que atraí os turistas. Além disso, a coleção já era nossa, de Portugal. O Porto teve sorte em ficar com a coleção, mas é verdade que não pode ir tudo para Lisboa
Resumindo: hoje é mais um dia de comemoração para as gentes da Invicta. Souberam aproveitar bem tudo o que têm, razão deste prémio. Por isso, daqui de onde estou (arredores de Lisboa), grito convosco; viva o Porto!