"Comeback kid”. O rapaz das reviravoltas, rótulo conquistado por Tom Brady durante os tempos de faculdade, em que atuou pelos Michigan Wolverines e protagonizava remontadas inéditas, voltou a ser chamado a campo. O quarterback dos Patriots foi um dos protagonistas incontornáveis na histórica vitória dos Pats sobre os Falcons, depois de terem estado a perder por 25 pontos (nunca uma equipa havia ganho a Super Bowl com uma desvantagem superior a dez pontos).
Foi há 17 anos que Brady chegou aos Patriots, como 199.ª escolha do draft, na sexta ronda (jogadores vindos das universidades), número que o colocava com poucas probabilidades de se tornar uma referência no futebol americano. Tinha como ídolo Joe Montana, o reconhecido quarterback do San Francisco 49ers e do Kansas City Chiefs que conquistou quatro Super Bowls e três prémios de Jogador Mais Valioso, e a vontade de contrariar as estatísticas.
Do banco de suplentes dos Wolverines para ator principal nos Patriots, sagrou-se agora campeão pela quinta vez (depois dos troféus arrecadados em 2002, 2004, 2005 e 2015), e recebeu, pela quarta vez, o título de jogador mais valioso (MVP) da Super Bowl, tornando-se recordista de finais da NFL e ultrapassando o próprio ídolo, Joe Montana.
Foi a sétima vez que o quarterback disputou uma decisão da Liga Nacional de Futebol americano.
Frustração e casamento mediático
Basebol ou futebol norte-americano? Durante vários anos, esta foi a grande indecisão de Tom Brady. Optou pela última modalidade, mas nem sempre o futebol o colocou como primeira opção.
Nos Michigan Wolverines, Tom Brady dividia o protagonismo com outros jogadores, embora provasse sempre a sua influência – quando lhe era concedida a oportunidade – dentro de campo. Estar no banco nunca foi uma opção do norte-americano, que procurou ajuda de psicólogos para conseguir lidar com a frustração e a ansiedade. Nunca desistiu. Contratou treinadores para evoluir e quem o conhece destaca-lhe o perfeccionismo. O pai de Brady recorda a missão de lavar o carro. Uma tarefa que Tom nunca deixou em mãos alheias, mesmo enquanto jogador da NFL, porque sempre acreditou que não havia quem cumprisse melhor que ele essa responsabilidade. Uma situação que só foi revertida depois de conhecer a modelo brasileira Gisele Bündchen, nas praias do Rio de Janeiro, enquanto treinava uns lançamentos, que considerava que ele gastava demasiada água.
Em 2007, “um ano mágico”, define Brady, “até à última unidade do Super Bowl”. Um ano de transformação. Foi o primeiro ano em que Brady entrou em erupção estatisticamente. Mas também o ano em que a sua imaculada reputação foi brevemente manchada, por uma separação pública, depois pelo início do namoro com Gisele Bündchen. A vida pessoal de Brady tornou-se então uma obsessão global. Com a reduzida projeção internacional de que era alvo o futebol americano, Brady rapidamente se tornou, perante o mundo, no marido da super modelo brasileira. Mas, estava já há bastante tempo longe de ser apenas a sombra de Bündchen.
Brady, um dos melhores quarterbacks da atualidade, já se tornou numa lenda viva na história da NFL. Titular nos Patriots e um dos homens capazes de motivar a equipa para marcas como foram registadas no último domingo, não há quem queira abdicar dele. Gisele acha que é a altura do marido sair – tendo feito o pedido a Tom Brady no final do jogo, depois de festejos eufóricos vindos da bancada. Mas com mais um ano de contrato válido pelos New England Patriots (2019), a decisão já não irá mudar o destino: seja quando for, Brady vai sair pela porta grande.
Parceria Brady/Belichick
Esta foi a nona presença dos Patriots numa Super Bowl. Bill Belichick, técnico dos New England Patriots, e Tom Brady marcaram presença em sete delas.
Tal como Brady, Belichick chegou aos New England Patriots em 2000. Juntos, tornaram-se no primeiro par técnico e treinador da história a conquistar a Super Bowl cinco vezes, ultrapassando os quatro títulos alcançados pelos duos Tom Landry e Roger Staubach, do Dallas Cowboys, Marv Levy e Jim Kelly, do Buffalo Bills, e Chuck Noll e Terry Bradshaw, do Pittsburgh Steelers.
A nível individual, Belichick é agora o treinador com a maior quantidade de títulos da Super Bowl, depois de deixar de dividir o pódio com Chuck Noll (o antigo treinador dos Steelers foi tetra, depois de vencer em 1974, 1975, 1978 e 1979), além de ter marcado presença no banco de treinador pela 10.º vez numa Super Bowl, a maior marca da história da NFL. Uma parceria que jamais será esquecida…