Faz a primeira página da edição online do Sol de hoje, e não é para menos: a Uber tem aberta uma vaga para um político, que tenha pelo menos cinco anos de governação, para tentar influenciar a nova legislação sobre mobilidade urbana, que está iminente, e para, de forma mais geral, defender os interesses da empresa em Portugal.
Estas coisas sempre se fizeram, mas de forma mais discreta. Veja-se a empresa onde Rui Rio atualmente trabalha, cuja missão de head-hunter passa por usar a sua vasta rede de contactos para aproximar políticos e empresas.
O método proposto pela Uber é mais transparente. Não sei é se haverá alguma candidatura, pois o processo pressupõe que os políticos tenham a iniciativa de concorrer à função, e achem que isso seria deixar cair os parentes na lama.
Ou talvez eu esteja a ser ingénuo: o dinheiro pode falar mais alto.
De qualquer, forma quando um dos candidatos for escolhido, ficar-se-á a saber: fulano trabalha para a Uber. Totalmente transparente. A meu ver, com o PS no governo, será de recrutar alguém do PSD; depois, quando o PSD for para o governo, deverão recrutar alguém do PS. Era assim que o Engº Jardim Gonçalves fazia no BCP, o que não impede que este seja hoje uma sombra do que já foi. A boa gestão é essencial.
Mesmo assim, em nome da transparência, há que elogiar a iniciativa da Uber, por fazer às claras o que outros farão às escuras.