Assunção Cristas é ambígua?

O facto de Cristas ter admitido um referendo à eutanásia causou algum desconforto nas alas mais conservadores do CDS, sendo esta uma matéria em que o partido é «frontalmente contra».

A ambiguidade de Assunção Cristas em algumas matérias de costumes causa desconforto na ala mais conservadora do CDS. Estas posições não são assumidas em on mas o SOL sabe que há centristas que gostavam de ver o partido tomar posições mais claras em algumas questões de consciência.

O último faux pas foi dado na semana passada, quando a líder do partido admitiu a hipótese de referendar a morte assistida um dia antes da despenalização da eutanásia ter sido discutida em plenário. Uma declaração descrita nas redes sociais pelo ex-deputado centrista Raul Almeida como «uma desagradável surpresa».

Logo nesse dia, o deputado Filipe Lobo d’Ávila escreveu na sua página de Facebook: «Referendo à morte assistida? Uma ideia que não é excluída à partida? (…) Tenho estado propositadamente em silêncio (…) e não serei um elemento perturbador da ação política do CDS. Mas aqui lamento. (…) Não gosto da incerteza de posições que esta ideia do referendo faz transparecer. (…) Não concordo mesmo, venha a ideia de onde vier. Seja de Belém ou mesmo do Caldas. Gostava que o meu partido fosse claro».

No dia seguinte, durante uma intervenção política que abriu o plenário, a deputada Isabel Galriça Neto deixou a posição do CDS bem clara: o partido é frontalmente contra. E foi a clareza do discurso de Galriça Neto que fez com que Lobo d’Ávila considerasse, entretanto, que a posição do partido estava muito bem explicada. «Não é um referendo que está em cima da mesa. A posição do CDS é claríssima do ponto de vista dos princípios e dos valores: somos contra a eutanásia», disse o deputado ao SOL.

Segundo uma fonte do partido – que reconheceu o desconforto com as declarações de Cristas – a líder deveria ter colocado a questão de outro modo. «Só depois de todos os passos, havendo uma iniciativa legislativa que não há, havendo uma maioria que não sabemos se existe e se perdermos essas votações – e só nesse caso –, o referendo pode ser uma hipótese», explicou.

O deputado Ribeiro e Castro, frontalmente contra a eutanásia, considera que o CDS está a fazer um bom trabalho na discussão mas que ainda pode melhorar. «Somos totalmente contra a eutanásia, Acho que o partido deve ter cada vez uma posição mais clara e taxativa», disse ao SOL.

Já Gonçalves Pereira diz que não há qualquer ambiguidade. «Assunção Cristas passou uma mensagem transparente. Não há aqui lugar para interpretações: somos contra. Como líder de um partido de um país que vive em democracia, faz muito bem em deixar abertos tais cenários».