O Ministério das Finanças passou a ter mais um secretário de Estado. O número de “ajudantes” de Mário Centeno subiu de quatro para cinco. Ricardo Mourinho Félix continua Adjunto, mas fica apenas com as Finanças, enquanto Álvaro Novo (economista que já integra o gabinete do ministro das Finanças) foi ocupar o cargo de secretário de Estado do Tesouro.
Até aqui nada novo. Mas a verdade é que a entrada de Álvaro Novo para o governo fez com que o Tesouro e as Finanças acabassem divididos e abriu a porta à saída de Elsa Roncon, que estava na liderança da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF).
Quem o admite é a própria. Ao Jornal de Negócios, Elsa Roncon esclareceu que a saída não tem a ver com a polémica na Caixa Geral de Depósitos, mas sim com a “tutela bicéfala”.
“Tive uma excelente relação com o secretário de Estado Adjunto do Tesouro e das Finanças, Dr. Ricardo Mourinho Félix. Com a perspetiva de voltar a ter uma tutela bicéfala senti-me sem força anímica para iniciar um novo ciclo”, esclareceu, acrescentando: “Tenho 66 anos e estou a quatro meses da reforma”.
Quem é Álvaro Novo, o novo secretário?
Álvaro Novo é o novo secretário de Estado do Tesouro, mas a verdade é que a importância que passa a ter na equipa das Finanças não é assim tão novidade quanto isso. Até porque falamos do economista que atualmente era economista-chefe do gabinete do ministro das Finanças, Mário Centeno.
Nasceu em 1972 em Estarreja e é economista do Banco de Portugal desde 2011, onde se cruzou com Mário Centeno, que tinha entrado no ano anterior. Doutorou-se, nos EUA, em 2000, em Economia pela universidade do Illinois, depois de se ter tornado mestre em Estatística Aplicada na Universidade do Illinois e ainda em Economia pela universidade Southern Illinois University, Carbondale.
Na verdade, o novo secretário de Estado do Tesouro tem mais em comum com Mário Centeno do que aquilo que se possa pensar à primeira vista. Tanto Álvaro como Centeno são especialistas em mercados de trabalho e já chegaram mesmo a escrever artigos em conjunto. Até porque trabalharam juntos no Departamento de Estudos. Um dos trabalhos que publicaram em comum foi, em 2013, um ensaio da Fundação Francisco Manuel dos Santos, chamado “O trabalho, um visão de mercado”, que se baseava sobretudo numa análise sobre a segmentação no mercado de trabalho.
Já no gabinete do responsável pela pasta das Finanças, Mário Centeno, Álvaro Novo começou a trabalhar logo depois do atual governo tomar posse, em novembro de 2015. Aliás, se há coisa que os corredores do Ministério no Terreiro do Paço não são é novos e desconhecidos para Álvaro Novo. Desde cedo que o economista começou a acompanhar Mário Centeno e Mourinho Félix nas reuniões do Eurogrupo.