As farmácias dos hospitais portugueses estão a ter de emprestar umas às outras medicamentos para tratar doentes com cancro. Em causa está a escassez dos produtos mais baratos disponíveis no mercado, que as farmacêuticas estão a vender em cada vez menores quantidades. A denúncia é avançada hoje pelo “Jornal de Notícias”, que ouviu especialistas como Fátima Cardoso, responsável da Unidade da Mama e do Programa de Investigação do Centro Champalimaud e Nuno Miranda, diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas.
O encarecimento dos medicamentos disponíveis para tratar doenças oncológicas tem estado a gerar preocupação a nível internacional. Já não são só os novos medicamentos inovadores que chegam ao mercado com preços elevados. As farmacêuticas têm estado a aumentar o preço de medicamentos que já estavam no mercado há vários anos, o que, com os casos de cancro a aumentar a nível internacional, sobrecarrega ainda mais as instituições de saúde.
Como o SOL noticiou no início deste mês, investigadores britânicos alertaram que houve aumentos de preços até 1000 nos últimos cinco anos em alguns produtos.
Em Portugal, os últimos dados disponibilizados pelo Infarmed revelam que no ano passado, até novembro, os encargos com medicamentos para o cancro aumentaram 10,5%, para 236 milhões de euros. Ao longo do ano foram aprovados 51 medicamentos inovadores, 13 destinados ao tratamento do cancro em áreas como o cancro da próstata, mieloma, mama, pulmão, linfoma ou leucemia.