Draghi devia ser condecorado

Os juros da dívida pública estão hoje a descer por toda a Europa. 

Em Portugal, os juros da dívida a dez anos caem 0,11% (o que é muito, só para um dia) para 3,98%. A razão desta descida: a divulgação, pela agência noticiosa financeira Bloomberg, das minutas da última reunião do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu.

Nessa reunião, foi decidido que, se necessário, o BCE comprará mais dívida do que o inicialmente previsto, baixando assim as taxas de juro dos países cuja dívida é comprada. Alguns leitores escreveram aqui, nas caixas de comentários, que o limite de compra de dívida portuguesa pelo BCE ia ser atingido no verão. Bem, agora já não, porque com o alargamento do programa o BCE vai poder comprar mais dívida do que o inicialmente previsto.

As minutas da reunião mostraram também que a maioria do conselho de governadores decidiu “amplamente” (isto significa que não houve unanimidade, que provavelmente a Alemanha não partilha esta visão), que é necessário manter a política monetária acomodatícia (isto é, continuar a comprar dívida dos Estados membros da zona euro, mantendo assim os juros baixos).

Realmente, nada está a correr bem à direita portuguesa, que agora adotou a estratégia que costumava a ser dos partidos de extrema esquerda: “quanto pior melhor”. Como a situação da economia está a melhorar, essa estratégia é incorreta, pelo que se focam nas SMS entre Domingues e Centeno, o que até já chateia.

Já no que diz respeito ao presidente do BCE, o italiano Mario Draghi, devia ser condecorado com a mais alta condecoração passível de ser atribuída a um estrangeiro, pelos bons serviços prestados à economia portuguesa.