Enquanto o governo não decide quem será o vencedor da corrida à venda do Novo Banco, o fundo norte-americano Lone Star – presente esta semana em Portugal para mais uma ronda de negociações com o Banco de Portugal – está a convidar empresas portuguesas a investir na instituição financeira liderada por António Ramalho. O grupo Amorim, a Sonae, a Jerónimo Martins e o grupo Violas foram algumas dessas empresas. Este último acaba de sair do capital do BPI no âmbito da OPA do CaixaBank e chegou a ser dado como “parceiro” da Apollo, outro fundo norte-americano que também está interessado na compra do Novo Banco.
Este convite terá sido dirigido pelo menos a cinco grandes grupos empresariais portugueses e serve para cumprir um dos objetivos da Lone Star para o banco: a dispersão em bolsa de, pelo menos, uma parte do capital.
As cartas enviadas aos grupos portugueses que a Lone Star quer ter como parceiros na gestão do Novo Banco incluem a descrição de alguns dos detalhes do plano de investimento no banco, que pode necessitar de até três mil milhões de euros de investimento num futuro próximo, revelou o “Negócios”.
A ideia desta carta é desafiar “potenciais coinvestidores a considerarem participar, juntamente com a Lone Star, no controlo de longo prazo do Novo Banco e, desta forma, partilhar dos benefícios resultantes da recapitalização e da reestruturação previstas”.
O objetivo do fundo norte-americano é simples: garantir que a instituição financeira consiga mais de seis mil milhões de novos créditos por ano a clientes portugueses, incluindo quatro mil milhões a pequenas e médias empresas.
Aposta a longo prazo
O fundo norte-americano compromete-se ainda a ser acionista da instituição financeira “por vários anos”, sublinhando que “as experiências anteriores na reestruturação de bancos mostraram que estes processos podem levar entre cinco a dez anos”. Ainda assim, admite que posteriormente poderá dispersar parte do capital do Novo Banco na bolsa de Lisboa.
Além disso, a Lone Star compromete-se a vender as operações internacionais do Novo Banco para rentabilizar a instituição, deixando apenas as operações em Espanha, um mercado “crucial” para “servir e apoiar os clientes portugueses num dos seus principais mercados de exportação”.
Garantias atrasam
A exigência inicial do fundo norte-americano de uma garantia do Estado tem dificultado as negociações. O ministro das Finanças tem vindo a garantir que não pode haver uma garantia de Estado para suportar negócios privados” e afirma que colocar “o dinheiro dos contribuintes em risco não está perspetivado neste negócio”.
A verdade é que a Lone Star poderá abdicar da exigência dessa garantia de Estado, mas continuará a exigir uma partilha de risco com o Estado. Uma das soluções em estudo pelo governo e pelo Banco de Portugal é a possibilidade de o próprio Estado ficar com uma participação minoritária no Novo Banco, ao lado da Lone Star e, eventualmente, de algum grupo português disponível a aceitar o desafio agora conhecido.
A proposta inicial da Lone Star, apresentada no início de novembro, visava a compra de 100% do Novo Banco por 750 milhões de euros, mas o plano admitia a injeção de mais 750 milhões na instituição financeira. Mas se existem resistências em torno da garantia estatal, o fundo já veio garantir que a liderança do Novo Banco deverá permanecer intacta, uma vez que pretende manter António Ramalho como presidente da comissão executiva.
Também na corrida está o consórcio Apollo/Centerbridge, uma vez que pelo caminho ficaram os chineses do Misheng, por alegadamente por não terem conseguido apresentar garantias financeiras que sustentassem a sua proposta de compra. Recentemente apareceu mais um interessado, a Aethel Partners, mas só poderá participar no processo aliada a um dos fundos.