Equador. Lenin Moreno vai à segunda volta com vantagem

O sucessor de Rafael Correa ficou a menos de 1% de conquistar a presidência equatoriana

Lenin Moreno foi declarado vencedor da primeira volta das eleições presidenciais equatorianas. Com cerca de 90% dos votos escrutinados, o candidato da esquerda obteve 39,09% dos votos – se tivesse tido 40%, e como tem mais de 10% de vantagem sobre o segundo candidato, teria sido, segundo a lei eleitoral do Equador, eleito na primeira volta. O seu rival na segunda volta será o candidato de direita Guillermo Lasso, que conseguiu 28,28% dos sufrágios. 

O sucessor de Eduardo Correa, apoiado pela Alianza PAIS, foi vice-presidente de Correa até 2013. É muito popular devido ao seu trabalho na Missión Solidaria Manuela Espejo, um programa social de apoio aos deficientes pobres do Equador que lhe valeu a nomeação para o Prémio Nobel da Paz de 2012. A sua ligação a esta causa é profunda devido a andar de cadeira de rodas desde 1998, depois de ter sido ferido num assalto armado. O atual presidente assinalou o resultado das eleições como se fosse um voto de confiança à gestão dos últimos dez anos do seu partido da Revolução Cidadã: “Ganhamos amplamente a consulta popular. Obrigado, equatorianos.”

No domingo, os eleitores do Equador foram chamados a eleger o presidente e o vice-presidente, bem como 137 deputados e cinco representantes do Parlamento Andino. Também foi referendada uma proposta do governo para proibir a eleição para cargos públicos de pessoas que tenham dinheiro depositado em paraísos fiscais. Essa proposta tinha, contados 20% de votos, uma vantagem assinalável de 55% dos votos. 

A confirmar-se a vitória de Lenin Moreno em abril, será um dos poucos países da América Latina que não segue a tendência dominante de vitórias da direita, depois de nas últimas décadas o continente ter sido dominado por governos de esquerda.

De qualquer forma, esse resultado está longe de estar garantido. O ex-banqueiro e ex-ministro da Economia, o direitista Lasso, apelou a toda a oposição para que construa uma “mesa da governabilidade”: “Quero fazer uma convocatória para todos os líderes políticos da oposição para construírem uma mesa da governabilidade para o Equador, um Equador democrático, um Equador livre e um Equador solidário.” O convite foi aceite pela terceira candidata mais votada, a social-cristã Cyntia Viteri, que obteve 16,36% dos votos e anunciou o seu apoio na segunda volta ao candidato da direita, dizendo-se disponível para participar num governo da direita caso Lasso triunfe na segunda volta.