Há pouco tempo, a deputada Berta Cabral, do PSD, respondeu a um deputado do PS acusando a sua geração de “estar de cabeça perdida”. Como alguém que lidera uma juventude partidária, como ouviu essas palavras?
Ouvi-as com bastante apreensão e com bastante tristeza, naturalmente. Mas momentos depois percebi que se tratou de um lapso, que acontece. A intenção da deputada não foi dizer que a minha e nossa geração estaria de cabeça perdida. O que quis dizer, num momento mais acalorado do debate, foi que o deputado da Juventude Socialista estaria de cabeça perdida e que isso não serviria os interesses dos jovens que ele representava. Estávamos, ainda por cima, num debate do Orçamento do Estado, em que a atenção mediática é redobrada.
Acha que o outro lado se aproveitou do lapso?
Faz parte da lide parlamentar. Eu não posso criticar o deputado da Juventude Socialista por ter cavalgado a onda no calor do debate. Não sei se faria o mesmo, provavelmente teria optado por outra atitude, talvez dissesse “senhora deputada, porventura enganou-se, queira reformular”, mas não consigo condenar que quem esteja no exercício da palavra num debate parlamentar aproveite o lapso de outrem. É natural.
Tradicionalmente, a JSD tem o hábito de estar mais à esquerda que o partido, que o PSD. Consigo também é assim?
A JSD sempre foi, ideologicamente, um pouco mais à esquerda que o PSD. Por vezes, dependendo dos líderes, até bastante mais à esquerda.
E o Simão não é uma exceção?
Não. Considero-me um político de centro–esquerda. Em questões sociais considero–me à esquerda do PSD em muitas matérias, nomeadamente em questões fraturantes, desde a questão do aborto ao casamento homossexual e à adoção por casais do mesmo sexo. A JSD, aí, esteve sempre à esquerda. Mas há uma exceção, que são as matérias de toxicodependência.
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