Em menos de 24 anos, acidentes com tratores em Ponte de Lima e em Bragança mataram dois homens. Nos últimos três anos há registo de 201 mortes e Portugal é apontado como um dos países europeus com maior sinistralidade associada a este tipo de veículo.
O homem que morreu em Ponte de Lima tinha 36 anos. Circulava num caminho florestal quando o veículo capotou. Ficou esmagado debaixo da carga.
Já o acidente em Vale de Nogueira, Bragança, envolveu um homem de 63 anos, que foi encontrado carbonizado junto ao trator que conduzia na zona de Vale de Nogueira, freguesia de Salsas, no concelho de Bragança, esta terça-feira, ao início da tarde. O problema terá começado num incêndio rural mas o homem não conseguiu sair da viatura, tendo de ser desencarcerado pelos bombeiros.
No ano passado, face ao aumento de mortes em acidentes com tratores, o governo nomeou um grupo de trabalho para apresentar medidas. Os trabalhos, que envolveram a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, a Autoridade para as Condições do Trabalho, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes, a Guarda Nacional Republicano e a Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, resultaram num relatório que levou o governo a apontar para este ano um conjunto de oito medidas para reduzir acidentes.
1. Criação de uma plataforma comum de registo de informação relativa a acidentes com tratores e máquinas agrícolas, já no início de 2017. O objetivo é identificar os fatores que originaram cada acidente, bem como, as consequências ao nível da mortalidade e incapacidades;
2. Em 2017 será feita a avaliação de incentivos à modernização do parque de tratores agrícolas a nível nacional, com o intuito de eliminar ou substituir tratores sem estruturas de proteção anti-capotamento, uma das principais causas de acidentes mortais;
3. De modo a reduzir a sinistralidade, será efetuado, no primeiro semestre de 2017, um controlo efetivo de máquinas e tratores no mercado de segunda mão, em especial aos veículos importados e não homologadas em Portugal, através de regulamentação do processo de atribuição de matrícula;
4. Será estudada a viabilidade de realização de inspeções obrigatórias aos tratores agrícolas, com recurso a Centros de Inspeção Automóvel;
5. Passa a ser obrigatória a frequência de ações de formação sobre segurança para todos os condutores que não possuam licença de condução de veículos agrícolas;
6. Vai ser criado um regime sancionatório associado à não utilização de sistemas de retenção e à imposição de montagem de avisador luminoso especial de cor amarela;
7. No âmbito destas alterações será intensificada a fiscalização sobre os condutores dos veículos agrícolas/tratores de uma forma progressiva no que respeita ao arco de proteção, ao cinto de segurança, ao avisador luminoso e ao transporte de passageiros nos tratores agrícolas;
8. Vai ser lançada uma estratégia de comunicação e dinamização de campanhas de educação e sensibilização sobre segurança em tratores agrícolas.