Manuel Frexes: o candidato do PSD a Lisboa?

A sensação de que as eleições de Outubro vão correr muito mal ao PSD adensa-se e já cria desconforto internamente

1.Já começa a ser penoso comentar a postura do PSD em relação às eleições para a Câmara Municipal de Lisboa (já para não falar para as autárquicas em geral, não obstante os esforços de Carlos Carreiras): a sensação de que as eleições de Outubro vão correr muito mal ao PSD adensa-se e já cria desconforto internamente.

2.A história de Lisboa é rocambolesca, desde a indefinição do candidato, passando pela decisão de Mauro Xavier de ter um coordenador autárquico que se recusa a ser candidato…mas não vê problema algum em fazer um programa para oferecer a um candidato que ele nem sabe quem é! Tudo anedótico.

O processo de eleitoral do PSD Lisboa vai entrar no anedotário nacional – e será sempre recordado como um exemplo do que não se deve fazer em política. E o pior é que palpita-nos que o resultado que o PSD obterá em Outubro também estará no domínio do anedótico ….ou lá muito próximo…

3.O que é incompreensível: por que razão é que o PSD – e, em particular, Passos Coelho, que é um homem muito sensato e com um sentido institucional exemplar – deixou o processo autárquico em Lisboa ter chegado ao ponto a que chegou?

Divergências entre dirigentes motivadas por agendas pessoais visíveis, ocultas ou aparentes? Falta de visão? Estão-se a lixar para as eleições e acreditaram que a geringonça nem chegaria às autárquicas? Ou então até o PSD está rendido à propaganda (a toda a hora, patrocinada pelos media do politicamente correcto e do regime socialista) de Fernando Medina?

4.Ainda para mais, as autárquicas serão muito importantes na actual conjuntura política: recorde-se que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração bizarra, afirmou poucas semanas depois da sua tomada de posse, que as eleições autárquicas iniciarão um novo ciclo político.

O que mostra claramente que Marcelo está à espera dos resultados locais do PSD para tirar o tapete a Passos Coelho…Logo, seria lógico, compreensível e politicamente exigível que Passos Coelho apostasse fortemente numa vitória em Outubro…Deixaria a geringonça confusa, agravaria as tensões internas entre o extremo-PS e a extrema-esquerda e retirava margem de manobra para Marcelo lançar a intriga e a confusão interna no PSD. Mas tal muito dificilmente irá acontecer…

5.E qual será então o candidato do PSD a Lisboa? Há um nome que ganha cada vez mais força: Manuel Frexes, actual administrador das Águas de Portugal e ex-Presidente da Câmara Municipal do Fundão.

 É uma escolha semelhante à que Luís Marques Mendes tomou em 2006, após retirar a confiança politica a António Carmona Rodrigues: lançou Fernando Negrão, homem que lhe era próximo, deputado e uma escolha de recurso, após a recusa do candidato natural que era, na altura, Fernando Seara. E todos se lembram do resultado de tamanha visão política do agora virado génio e visionário político Marques Mendes: o PSD foi humilhado e António Costa começou a construir, passo a passo, o seu percurso político, gerando influências e cumplicidades várias para se tornar no “Dono Disto Tudo” que é hoje.

6.Segundo fontes bem informadas do PSD/Lisboa, Manuel Frexes poderá ser apresentado nos próximos dias (talvez na primeira semana de Março) como candidato do PSD a Lisboa. É uma escolha partidária, que não abre à sociedade civil – e vai de encontro ao apelo de Pedro Santana Lopes nos seus comentários que desaconselhou Pedro Passos Coelho a escolher um independente como candidato à Câmara Municipal de Lisboa.

7.Aliás, é curioso notar que Manuel Frexes é um santanista convicto, muito  próximo de Santana Lopes, seu aliado incondicional no PSD – e que até liderou um movimento de autarcas pró-candidatura de Santana à Presidência da República no início de 2015.

8.Não podemos deixar de notar que todos os nomes que surgiram para a Câmara Municipal de Lisboa, após a recusa de Santana Lopes, são da área do santanismo. O que significa que Santana Lopes não quer ser candidato – mas quer manter Lisboa como seu domínio político de reserva. O PSD não vai ter Santana Lopes como candidato – todavia, terá uma lista santanista.

9.Santana Lopes anda mesmo por aí…E está atento às movimentações internas no partido. Quanto a Manuel Frexes, enfim, será uma candidatura para marcar calendário. Para alguém que vem do Fundão, não tem qualquer ligação a Lisboa a não ser nos últimos três anos – um resultado entre os 15% e os 20% já será honroso em termos pessoais. Pese embora seja um resultado humilhante para o PSD…Mas é o que temos.

 

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