Cavaco Silva garante que não autorizou que fossem transmitidas informações à imprensa sobre as suspeitas que existiam em Belém no caso das escutas. “Não. É óbvio que não”, respondeu Cavaco Silva, em entrevista à RTP, quando foi questionado sobre se teve conhecimento ou autorizou que as desconfianças de Belém fossem transmitidas aos jornais.
A informação de que a presidência temia estar a ser vigiada foi dada ao jornal Público pelo assessor e homem de confiança de Cavaco, Fernando Lima. O ex-assessor para a comunicação social, ao contrário de Cavaco Silva, garante que recebeu indicações para o fazer. “Quando, num certo dia, dei conta a um jornalista do Público da estranheza, na presidência, sobre a presença de um adjunto do primeiro-ministro na comitiva de Cavaco Silva que se deslocou à Madeira, foi porque recebi uma indicação superior para o fazer. Não fiz nada à revelia da minha hierarquia, como nunca o fizera ao longo da minha vida”, escreve Lima, no livro “Na Sombra da Presidência”.
Fernando Lima considera que “o assunto era demasiado delicado” para que “avançasse sem mais nem menos”.
Cavaco Silva, na primeira entrevista que deu desde que deixou Belém, garantiu que “em três anos e meio de presidência, que já tinha nessa altura, nunca, uma única vez, tinha ouvido qualquer coisa sugerindo que a presidência estava a ser vigiada por este ou por aquele”. O ex-presidente defendeu que este caso tinha como objectivo “influenciar as eleições [legislativas] e denegrir” a sua imagem.
O caso das escutas levou o Presidente da República a afastar Fernando Lima da assessoria para a comunicação social. Lima relata, no seu livro, que foi colocado num sótão com outras funções.