Como desempregado que sou (ou estou, ainda não percebi) uso de várias formas para arranjar um emprego, a saber: uso a minha rede de relações sociais; estou inscrito em várias empresas de recursos humanos; aos sábados, compro o Expresso, para ver os anúncios que trás (provavelmente, os 3,50 euros mais mal gastos da semana); uso diariamente um site que é o net-empregos (há vários sites de procura de emprego, mas este parece-me ser o mais abrangente); por último lugar, de terça-feira a sábado, utilizo uma das maravilhas da era Sócrates, que foi anunciado com pompa e circunstância – o portal net-emprego, onde estão disponíveis algumas ofertas do IEFP, e onde se pode procurar em função da geografia e das habilitações literárias.
Ora este portal está avariado, pelo menos, desde quinta-feira: não surgem lá quaisquer ofertas. Como o site está na dependência do IEFP, que por sua vez depende do ministério da Solidariedade e da Segurança Social, tutelado pelo ministro Vieira da Silva, e sobre os erros do ministério já escrevi anteontem – e onde, por alguns comentários dos leitores, os erros se sucedem, da Segurança Social ao IEFP, passando pela ADSE – leva-me à seguinte conclusão: esse ministério, tão importante para que não surjam mais rasgões no tecido social português, funciona mal.
Precisava de um super-gestor para o endireitar, um pouco como Paulo Macedo, que como Diretor-Geral dos Impostos revolucionou a máquina tributária, para, nas palavras de um contabilista que eu conheci, “acabar com as empresas que só existem para dar prejuízo”.
É que os desempregados vivem por vezes situações aflitivas – felizmente, não é o meu caso, embora eu gostasse de ter um emprego criativo, por várias razões – para as pessoas ganharem dinheiro e eventualmente recuperarem a dignidade que julgam perdida, embora não esteja. Um serviço do Estado, concebido para os ajudar, estar fora de serviço pelo menos quatro dias, é vergonhoso pela inação que demonstra.
Os dirigentes deviam lembrar-se sempre que há um direito que não é negado aos desempregados: o de votar. Por isso, deviam ter cuidado para não aborrecerem essa importante franja do eleitorado.