Marine Le Pen ainda aparece em desvantagem face ao candidato independente Emmanuel Macron, mas, daqui até 7 de maio, data da decisiva segunda volta das eleições presidenciais, muita água correrá debaixo das pontes. E, se em política uma semana é muito tempo, não se pode afastar o cenário de vitória de Le Pen. O ano passado já tivemos a vitória do Brexit e a eleição de Donald Trump. Os extremismos estão a conseguir importantes vitórias eleitorais.
E quaisl seriam as consequências de uma vitória de Le Pen? Há três principais. Em primeiro lugar, a Frente Nacional é um partido abertamente racista e xenófobo, pelo que será de esperar uma hostilidade institucionalizada contra os imigrantes e contra os filhos de imigrantes, onde se incluí uma importante comunidade portuguesa.
Em segundo lugar, Marine Le Pen promete retirar a França do euro, o que ditará o fim da moeda única europeia, pois esta não se aguentará sem a sua segunda maior economia. Os resultados do fim do euro poderão ser desastrosos para Portugal, não sendo de excluir a subida em flecha das taxas de juro e uma nova bancarrota, com o regresso da troika.
Por fim, mas não menos importante, Le Pen quer a realização de um referendo sobre a participação da França da União Europeia. A eventual saída da França da União, desligando-se das quatro liberdades de circulação – de pessoas, de mercadorias, de serviços e de capitais – pode ditar o fim da União Europeia. No mínimo, será o fim da União como a conhecemos, com décadas de integração económica, política e social a fazerem marcha-atrás.
Daqui até dia 7 de maio teremos muitas ocasiões para falarmos sobre Marine Le Pen. Mas, quando a situação económica já estava a melhorar, 2017 arrisca-se a ser um ano catastrófico.