O crescimento económico desacelerou na segunda metade de 2015, e manteve-se depois fraco na primeira metade de 2016, acelerando apenas no segundo semestre, em particular graças ao fabuloso terceiro trimestre, cujo crescimento, relativamente ao trimestre anterior, foi revisto em alta para 0,9% (com um forte contributo do turismo). Desacelerou depois, mas manteve-se ainda robusto (já com menos turistas…), no 4º trimestre de 2016 (subiu 0,6% em relação ao trimestre anterior), e o crescimento da economia neste quarto trimestre foi ligeiramente revisto em alta face ao quarto trimestre de 2015 (2%).
Focando-nos apenas no 4º trimestre, por ser o mais recente, e porque os dados mais pormenorizados só saíram hoje, vemos que a subida do consumo das famílias continua forte, tendo aumentado 3,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os gastos do Estado aumentaram, embora ligeiramente (0,5%) e o investimento está finalmente a recuperar (crescimento de 2,6%), quando tinha sido negativo nos três trimestres anteriores. Foi, portanto, a procura interna que dinamizou o crescimento do PIB no quarto trimestre, pois na frente externa as coisas não correram tão bem. As exportações cresceram rapidamente (6,4%), mas infelizmente as importações cresceram mais ainda (7,3%).
Que conclusões tirar daqui? Que a economia portuguesa continua a crescer, e dificilmente poderá crescer mais, sustentadamente, do que os 2% do quarto trimestre. É bom estar a crescer e ter o desemprego a descer – 10,2% em dezembro – e o emprego a crescer, divulgou hoje o INE noutro destaque.
Mas, para crescer mais depressa, são precisas as reformas que todos sabem: menos burocracia e mais facilidade em contratar e em despedir. Falta, por vezes, vontade em fazê-las. Gerir uma geringonça deve ser muito complicado.