1. Brexit: e agora? No passado dia 15 participei numa conferência organizada pelo Institute of Contemporary European Studies da Regent’s University London. A decisão de abandonar a UE está tomada e não será revertida. A conferência perguntou-se, quais eram então as opções para essa saída? Os conferencista foram Graham Avery dos Colégios de St Anthony e Mansfield de Oxford e Sir Malcom Rifkin (conservador), o político inglês que mais tempo serviu em pastas ministeriais a seguir a Lord Palmerston no século XIX.
2. Comércio. Graham Avery focou-se nas alternativas relativas ao comércio internacional. São basicamente cinco: A opção Norueguesa – ou seja, participação na Área Económica Europeia; A opção Turca – ou seja, uma união aduaneira com UE; A opção Suíça -ou seja, acordos bilaterais com os estados membros (modelo diga-se, que a própria UE decidiu em 2013 não desejar replicar); Um acordo à medida entre o RU e a EU; ou, finalmente, a bomba atómica de recorrer ao comércio no quadro das regras da OMC. O Governo inglês prefere a quarta alternativa.
3. Os Adquiridos. Qualquer solução concreta terá de respeitar aquilo que a maioria dos britânicos considera serem as mensagens do referendo: saída da UE, fim da jurisdição do Tribunal de Justiça Europeu e algum controlo ao movimento de pessoas. O Governo de Theresa May procurará a melhor acordo com a UE compatível com o que considera serem estes adquiridos.
4. Os Trunfos. A negociação será difícil mas no fim a UE e o RU chegarão a um acordo à medida com os britânicos. Ao fim e ao cabo a Comissão Europeia é uma verdadeira especialista no compromisso e uma pragmática geradora de soluções. Para mais o RU também tem trunfos para jogar e a UE muito a sacrificar. Sir Malcom Rifkin notou que a discussão do poderio negocial se centra excessivamente na economia e no comércio. Nestas esferas, é claro, o RU tem muito mais a perder que a UE – o que é muito diferente de dizer que a UE não tem a perder. Mas existem outras áreas onde o balanço é menos claro. Uma delas é a defesa e a segurança, a outra a política externa. As ameaças e desafios nestas frentes são comuns e, sem o RU, a Europa tem menos músculo e também menos soft power.