Depois de muitos meses de desencontros, a Grécia e os seus credores relançaram esta semana as negociações para a segunda revisão do programa de resgate, de modo a ser possível alcançar um acordo já na próxima reunião do Eurogrupo, que se realiza a 20 de março.
Em cima da mesa estão uma série de pontos polémicos, como uma reforma laboral que permita agilizar os despedimentos e condicionar o direito à greve, e bem assim a continuação das privatizações das empresas públicas, nomeadamente nos setores estratégicos da energia, e ainda um aumento de impostos para os próximos anos.
Neste processo negocial que começou na passada terça-feira participaram os chefes de missão da agora denominada quadriga, com a soma dos negociadores do Fundo de Estabilidade Europeu aos costumeiros membros da troika (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu). Os negociadores vão tentar encontrar um acordo em poucas semanas que não foi possível conseguir nos últimos meses, devido à resistência do governo grego a mais um pacote de medidas gravosas que teriam efeitos sobre uma população empobrecida por anos de austeridade.
Numa reunião do seu partido, no início de fevereiro, Tsipras foi muito crítico com a tentativa de impor à Grécia medidas que iam para além do acordado anteriormente com os credores. O líder do Syriza diz que o FMI já decidiu que não quer participar no financiamento de 86 mil milhões deste programa mas, em vez de o anunciar, “preferem jogar póquer, adiando, pois não querem colocar as culpas no ministro alemão. Tentam inventar novas exigências que são irracionais, impossíveis e imaginárias”, de forma a acabar por responsabilizar Atenas pela sua decisão.
Os credores pretendem elevar de 5% para 10% a percentagem de despedimentos que uma empresa de mais de 250 trabalhadores pode fazer por mês. Caso haja acordo, a Grécia receberá 6100 milhões de euros no verão que irão diretamente para pagar os juros da dívida.