Eutanásia

Leio que a Comissão Nacional do PS aprovou, por larga maioria, a proposta para despenalizar a eutanásia. Foi aprovada para esse efeito uma moção das deputadas Isabel Moreira e Maria Antónia Almeida Santos, que passa por “o ato médico de retirar a vida a um doente terminal a seu pedido reiterado e com o seu…

A eutanásia vai assim ocupar um lugar central no nosso debate político nos próximos tempos. Pessoalmente, sou a favor. Não gostaria de me ver numa cama de hospital, num sofrimento atroz, e sabendo que já não existia cura para a minha doença, e ser-me negado o direito a morrer, em nome de convicções que não são as minhas.

A moção fala de um saber de existência feito quando diz que a administração de uma injeção é a única forma de eutanásia punida pela lei. Pois é. Nada pune um médico que desligue os sistemas de apoio de vida a um doente terminal.

Fazer um pedido para ser eutanasiado deve mesmo assim requerer muita coragem. As pessoas, mesmo com dificuldades de todo o género e em sofrimento, agarram-se, por vezes, tenazmente à vida. Outras vezes, decidem que já viveram o bastante e, donos da sua própria razão, começam a recusar a medicação, até que morrem.

Se em certa medida temos o direito de escolher como queremos viver, então nada implica que não tenhamos palavra na forma de morrermos.