O uso de contracetivos hormonais e pintar o cabelo aumentam o risco de sofrer de cancro da mama. Uma análise de uma investigadora da Universidade de Helsínquia, divulgada hoje, teve por base os registos de 8000 mulheres diagnosticadas com cancro, que comparou com 20 mil mulheres saudáveis.
De acordo com os resultados, os dispositivos intrauterinos hormonais foram associados a um aumento de 52% no risco de cancro da mama em mulheres depois da menopausa, isto comparando com as que utilizam dispositivos intrauterinos de libertação de cobre. Existem estes dois tipos de DIU, um deles liberta a hormona levonorgestrel para o útero e o outro liberta pequenas patículas de cobre.
Já o uso de contracetivos hormonais foi associadas um risco acrescido de 32% quando comparado com mulheres que não tomavam a pílula.
Em relação ao hábito de pintar o cabelo, a investigadora apurou que as mulheres que o fazem parecem ter um risco acrescido em 23% de sofrer de cancro da mama comparando com as que não o fazem. No estudo, a investigadora apurou que quanto mais prolongado for o uso de tinta, maior o risco. Entre as mulheres que reportaram ter pintado apenas o cabelo uma ou duas vezes, o risco acrescido apurado foi de 7%. Já as que reportavam pintar o cabelo com maior frequência, 35 a 89 vezes ao longo da vida, tinham um risco acrescido de 31%. Começar a pintar o cabelo mais cedo, entre os 20 e os 29 anos, foi também associado a um maior risco do que começar depois dos 40 anos.
A investigadora não discrimina o tipo de tintas usadas, mas lembra que esta preocupação não é nova e que alguns componentes têm sido questionados pelo seu potencial carcinogénico, como é o caso da p-Fenilenodiamina.
A autora defende mais investigação às consequências a longo prazo da utilização de tintas no cabelo. Segundo estimativas da Comissão Europeia, cerca de 60% das mulheres e 5% a 10% dos homens pintam o cabelo na Europa, em média seis a oito vezes por ano.
“O maior fator de risco no cancro da mama é a idade e outros fatores relacionados com o estilo de vida que já são bem conhecidos, como ter o primeiro filho tarde, ter poucos filhos, o elevado consumo de álcool e o sedentarismo”, sublinha a autora Sanna Heikkinen, que quis perceber outros fatores menos estudados.
Heikkinen alerta também para o facto de parecer haver um recurso excessivo a mamografias antes dos 50 anos, a idade recomendada. Mais de 60% das inquiridas responderam ter feito o exame antes desta idade. “As mulheres devem ser informadas dos riscos das mamografias oportunistas, tais como a acumulação de radiação e as consequências dos falsos positivos e resultados negativos.”
O trabalho faz parte da dissertação de doutoramento da investigadora, que será apresentado este mês e pode ser consultada nesta página.