Em anos anteriores, Tiago Cruz e Filipe Lima já tinham andado no top-5, mas nunca nenhum português conseguiu chegar dentro dessa elite no final de uma temporada.
É por isso que “Figgy” ainda não valoriza demasiado o feito hoje alcançado em Marrocos, como se pode depreender das suas declarações ao site especializado “Golftattoo”: «O 1º lugar na Ordem de Mérito é-me indiferente, porque estamos no início (da época) e ainda faltam muitos torneios».
O que não lhe é seguramente indiferente é ter-se sagrado vice-campeão de um evento deste circuito germânico pela terceira vez em seis torneios disputados esta época! O português de 25 anos está a cotar-se como o mais regular de todos os participantes neste circuito e é o único com cinco top-10 em seis torneios.
Hoje, no Open Royal Golf Anfa Mohammedia, de 30 mil euros em prémios monetários, em Casablanca, teve de partilhar o 2º lugar com o francês Olivier Rozner (voltas de 70+65+69), tal como em fevereiro, no Open Casa Green, também empatara no 2º lugar. Já em janeiro, no Red Sea Egyptian Classic, foi 2º isolado.
O profissional do Quinta do Peru Golf & Country Club somou 204 pancadas, 9 abaixo do Par do Mohammedia Royal Golf Club, após voltas de 66, 70 e 68, que lhe valeram um prémio de 2.500 euros.
Como pode verificar-se, Pedro Figueiredo voltou ao bom costume desta época de praticamente só fazer voltas abaixo do Par. Só na semana passada, no Open Madaef, também em Marrocos, jogou acima do Par e a consistência está a ser a sua principal arma, embora ele próprio tenha admitido ao “Golftattoo” que o dia de hoje foi algo atípico: «Foi uma volta com um começo bem atribulado, mas depois orientei-me e comecei a jogar bem. Não foi uma volta muito normal, pois não costumo fazer muitos duplos e muitos birdies».
Nos três dias de prova, colecionou 3 duplos-bogey (2 dos quais hoje), 5 bogeys (2 hoje), 18 birdies (7 hoje) e 1 eagle (hoje).
Pode não ter sido uma volta normal, mas o torneio também não o foi. Houve atrasos devido ao nevoeiro, só no segundo dia terminou a primeira volta e o jogador da Navigator até era um dos líderes aos 18 buracos. Depois caiu para 5º aos 36 e recuperou para 2º, o que permitiu-lhe apoderar-se da liderança do ranking, ultrapassando o suíço Marco Iten, o vencedor do torneio da semana passada.
O atleta do Sport Lisboa e Benfica, que hoje surgiu nas redes sociais a promover o golfe na Benfica-TV, não deixou afetar-se pelo resultado do seu clube na Liga dos Campeões de futebol e só pode estar feliz com os 10.654,17 que amealhou até ao momento no Pro Golf Tour.
A semana começou com “Figgy” a tornar-se no novo n.º3 nacional e na próxima segunda-feira irá somar mais alguns pontos para o ranking mundial depois deste 2º lugar em Casablanca. O n.º1 português, Ricardo Melo Gouveia, também partilhou no Facebook o bom resultado de hoje do seu amigo.
E por falar em Ricardo Melo Gouveia, recorde-se que em circuitos internacionais já houve portugueses a terminarem épocas como nº1 da Ordem de Mérito: Ricardo Melo Gouveia no Challenge Tour, António Rosado no IGT Pro Golf Tour, Tiago Cruz e Hugo Santos no Algarve Pro Golf Tour / Algarve Winter Tour.
O vencedor do Open Royal Golf Anfa Mohammedia foi o alemão Max Schmitt com 199 (67+64+68), -14, que deveria ter embolsado 5 mil euros mas é ainda amador aos 18 anos. Daí que cada um dos 2º classificados tenha embolsado 2.500 euros e só esse valor permitiu a Pedro Figueiredo ascender a nº1 do ranking.
O presidente da Federação Portuguesa de Golfe, Miguel Franco de Sousa, conhece-o bem, dos seus tempos de selecionador de sub-18 da Europa Continental: «Ele foi meu jogador no Jacques Léglise Trophy. É um miúdo incrível. Tem muita raça, acredita que pode ganhar até à última e isso vê-se bem em match-play. Joga que se farta».
Foi apenas o seu terceiro torneio do Pro Golf Tour e quem sabe se irá seguir as pisadas do seu compatriota Martin Kaymer que foi nº1 do Pro Golf Tour antes de ser nº1 do ranking mundial?
Daqui a duas semanas o circuito regressa com o Open Océan, de 23 a 25 de março, em Agadir.