É nos Açores que existe uma significativa frota que se dedica principalmente à pesca do atum. A espécie é depois transformada por várias indústrias locais, que têm vindo a criar centenas de postos de trabalho no setor da pesca e unidades fabris. E é exatamente a pesca do atum que gera as exportações mais significativas desta região.
Um dos casos de sucesso é a Cofaco, com duas fábricas nas ilhas do Pico e São Miguel, e dona do Bom Petisco, que é atualmente uma das marcas de maior relevo nas prateleiras dos hipermercados. Ainda que não seja a única aposta da empresa, o mercado das conservas de atum acaba por ser o core-business da Cofaco.
«Acho que as pessoas associam muito a marca à qualidade. Nós temos as nossas unicamente nos Açores, que tem águas límpidas e onde passa a rota do peixe», começa por explicar Maria João Oliveira, adjunta da administração do Mercado Externo. E é a qualidade que tem permitido o caminho que tem sido feito nos últimos anos pelo setor em geral: «Devido a alguns condicionantes da natureza não temos toda a quantidade necessária para a produção total e, por isso, temos que ir buscar fora alguma da matéria-prima. Mas, ainda assim, conseguimos estar associados a uma grande qualidade. E a qualidade e a tradição são as nossas grandes bandeiras».
Também Carlos Costa, consultor de Mercado Externo, acompanha o setor há cerca de 40 anos e não esconde que, apesar de ter assistido a um emagrecimento em termos de fábricas, tem havido uma evolução muito positiva de todo o setor. «Os últimos anos, em termos de exportações, para nós, têm sido francamente melhores. No geral, há uma trajetória de crescimento. Nós em termos de exportações, neste momento estamos em cerca de 32 países. O principal é Angola, mas temos também Moçambique, França, Luxemburgo, Suíça. Falamos principalmente de ex-colónias portuguesas ou do mercado da saudade».
E a verdade é que as exportações ganham um peso especial para a empresa. De acordo com Carlos Costa, as exportações representam já cerca de 30% da faturação da Cofaco e o objetivo é continuar a crescer à conquista de novos mercados. «Neste momento, queremos começar a sonhar um pouco mais alto. Queremos começar a entrar nas grandes cadeias de distribuição pela Europa. Quer dizer que temos obviamente de ser dos melhores. Para chegar aos maiores canais de distribuição, temos de estar equiparados às grandes fábricas europeias e restantes concorrentes mundiais. Mas o sonho é esse: chegar à primeira liga das conservas a nível mundial e temos estado a trabalhar para isso», sublinha Maria João Oliveira.
Para a empresa, assim como para outras do setor, uma das vantagens é a imagem que os mercados internacionais têm do produto português. «A imagem de Portugal é uma boa imagem e pode mesmo dizer-se que a conserva portuguesa faz a diferença», explica Carlos Costa. A verdade é que um dos trunfos é ter «um selo de qualidade e segurança», a que se vem somar o facto de existir muita preocupação na forma como é pescado o atum: «A pesca que fazemos nos Açores é uma garantia de sustentabilidade. Pescamos à cana, ou seja, o atum é pescado um a um».