Atenção geringonça: há uma Nova Esperança para Marcelo Rebelo de Sousa

O Embaixador Robert Sherman identificou o principal problema de Portugal e dos portugueses: a falta de confiança

1.Conforme os leitores mais atentos do SOL estão certamente recordados, escrevemos, em Agosto do ano transacto, o seguinte texto sobre a condecoração (que se impunha por elementar dever de justiça) e que Marcelo Rebelo de Sousa se mostrava muito relutante em conceder. Transcrevemos o essencial desse texto nas linhas que se seguem:

Dito isto, chegamos ao Embaixador actual, Robert Sherman. Sherman é, no fundo, uma síntese das virtudes de Thomas F. Stephenson e de Allan Katz. Porquê? Porque, por um lado, o Embaixador Sherman mantém a cordialidade, o respeito pelo protocolo e o formalismo pelas regras diplomáticas de Thomas Stephenson – contudo, aprofundou o estilo próximo, a vontade de descobrir Portugal, a comunicação através das redes sociais directamente com os portugueses.

Uma diplomacia de proximidade – não apenas junto de entidades oficiais, antes directamente feita para e junto do povo português. A isto acrescem as qualidades de empatia, de comunicação, de humor, de extroversão de Robert Sherman – o que contribui inegavelmente para o excelente período de relações diplomáticas entre os nossos dois Estados, das duas Nações e, acima de tudo, dos dois Povos.

Pense-se nos vídeos que Robert Sherman publicou de incentivo à nossa Selecção durante o Euro-2016: tratou-se de uma manifestação perfeita do “soft power”, o principal instrumento diplomático das relações internacionais do nosso tempo. Robert Sherman percebeu a relevância social e o impacto mediático do futebol no nosso país, associando-se, como amigo aliado e militante, à esperança e à comemoração colectiva do Povo português, o que aumenta a sua popularidade e, logo, a sua capacidade de influência (pela persuasão, pela comunicação) em Portugal.

Por outro lado, o Embaixador Robert Sherman identificou o principal problema de Portugal e dos portugueses: a falta de confiança. Há imenso talento que não é aproveitado em virtude da barreira psicológica de um (falso) complexo de inferioridade. O futebol é a única área em que verdadeiramente acreditamos que podemos chegar longe – e Robert Sherman aproveitou o exemplo do futebol para afirmar uma posição política.

A de que Portugal, e os portugueses, podem ir muito longe. Robert Sherman acertou quanto ao futebol (Portugal é campeão europeu) – agora, nós teremos de demonstrar que o Embaixador está certo quanto ao resto. Portugal é um país de vencedores, à espera do treino adequado ( e da estratégia certa!) para vencer.

Sendo que a própria Federação e os jogadores já admitiram que os vídeos de Robert Sherman foram importantes para a sua motivação rumo à vitória, estranhamos que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (no lufa-lufa de condecorações recentes) não tenha ainda condecorado Robert Sherman.

Seria um pouco bizarro condecorar um Embaixador ainda em exercício de funções: mas estamos certos que, assim que Robert Sherman cessar funções, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa escolherá o grau mais ajustado para condecorar Robert Sherman pela sua disponibilidade para conhecer o povo português e pelo que tem feito pelas relações entre Portugal e os Estados Unidos. Seria algo original? Já aconteceu no passado – e originalidade é coisa que não falta a Marcelo Rebelo de Sousa…”.

2.Pois bem, na última sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou o ex-embaixador dos Estados Unidos da América, Robert Sherman (pouco mais de um mês após a cessação das suas funções no nosso país), proferindo um discurso em que basicamente reproduziu os argumentos do nosso texto publicado no SOL.

O que significa que, apesar de Marcelo ser uma pessoa obsessiva e doentiamente teimosa, também sabe reconhecer quando outras pessoas têm razão. Foi o que sucedeu: Marcelo compreendeu, depois de repudiar em privado a nossa sugestão, que era o mais sensato, mais justo e mais inteligente politicamente falando proceder à condecoração por nós sugerida.

3.Mais relevante a destacar neste gesto de surpreendente sensatez de Marcelo (e humildade, que não é uma característica muito saliente da personalidade de Marcelo Rebelo de Sousa, que é doentiamente teimoso, preferindo cometer erros infantis do que ouvir e seguir os conselhos de outras pessoas) é o padrão de comportamento.

Padrão que nos permite ter uma renovada esperança quanto ao Presidente Marcelo: afinal, Marcelo, depois de ponderar e reflectir, consegue fazer o que está certo- e não seguir sempre o caminho mais fácil da popularidade e da colagem, excessiva e forçada, a António Costa.

4.No caso específico, Marcelo Rebelo de Sousa começou, em privada, por dizer que a nossa ideia era um “disparate”, “uma loucura”, “uma piada do João, que é desequilibrado” (para Marcelo, fora das câmaras, metade dos portugueses são desequilibrados) – para depois reconhecer a justeza, o mérito e a pertinência da nossa sugestão.  

No fundo, Marcelo reconheceu que era uma ideia que, desde o princípio, defendia o interesse nacional. O interesse de Portugal na promoção da relação estratégica com um dos nossos principais aliados.

5.Atenção, portugueses: ainda podemos acreditar que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, de facto, poderá ser uma agradável surpresa.

Da mesma forma que Marcelo começou por qualificar a nossa sugestão de condecoração de Robert Sherman como uma “loucura” e um “disparate”, acabando por o fazer – então significa que o colapso da geringonça, que Marcelo hoje considera um “disparate” e “uma loucura”, poderá estar por semanas ou poucos meses…

6.É uma regra que julgamos ser cada vez maus universal: sempre que Marcelo qualifica uma das nossas opiniões como “loucas” ou “disparates” – elas acabam sempre por se concretizar.

Foi assim na passada sexta-feira, quanto à condecoração do Embaixador Robert Sherman.

Foi assim com a própria candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa: nós, que há alguns anos escrevemos que Marcelo seria, sem dúvidas, o sucessor de Cavaco Siva, fomos insultados por Marcelo: na altura, considerava uma ideia louca, disparatada, obsessiva e doentia da nossa autoria. Pois: hoje, Marcelo Rebelo de Sousa é Presidente da República.

7.Ou seja, mantendo-se aqui o padrão de comportamento, António Costa que se cuide…

 

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